França lança base de dados com 6 mil obras de arte roubadas e sem proprietário
As milhares de obras de arte foram reunidas ao longo dos últimos anos, a maior parte delas vindas do tráfico ilegal e do mercado negro, e acabaram arrumadas num armazém. Tendo em conta a diversidade das obras provenientes de diferentes roubos em diferentes alturas, as peças acabaram por perder as suas referências aos proprietários e para contornar a situação o Governo francês quer tornar as imagens dos objectos roubados acessíveis para que os seus donos a identifiquem e as possam agora recuperar.
Mas não basta dizer que se é proprietário, é preciso prová-lo, seja através de uma factura, um certificado ou até uma fotografia, é necessário que qualquer documento confirme a veracidade da afirmação.
“Antes éramos mais precavidos e não publicávamos nada sobre os objectos que recuperávamos, para evitar os burlões”, disse ao Le Fígaro Stéphane Gauffeny, chefe do Gabinete Central de Luta contra o Tráfico de Bens Culturais, explicando que a esta iniciativa contou com o apoio da Drouot, uma das maiores leiloeiras francesas.
Segundo o responsável, estas obras foram recuperadas em 147 buscas diferentes nos arredores de Paris. “Face ao excesso de material, decidimos mostrá-lo para ver se desta forma podemos restituí-lo o mais rapidamente aos seus proprietários”, acrescentou.
Apesar da iniciativa inédita em França, tendo em conta que não é um procedimento normal da polícia, a base de dados só vais estar disponível até ao dia 28 de Fevereiro de 2012. “Temos que ser rápidos a encontrar as vítimas”, assegura Stéphane Gauffeny.
Contentes com a iniciativa está a Drouot, que em 2009 se viu envolvida num grande escândalo depois de ter visto 42 funcionários serem detidos por desviarem obras de arte da leiloeira, que organiza cerca de dois mil leilões por ano, cerca de 800 mil lotes, em 74 casas espalhadas por França.
Na altura, a polícia apreendeu 250 toneladas de obras de arte que tinham sido roubadas nos últimos anos. Segundo o relatório policial, os funcionários desviavam as peças de cada leilão durante o transporte entre o domicílio particular do vendedor e o armazém da leiloeira.
“Nós também somos vítimas”, disse ao Le Fígaro Olivier Lange, o novo director geral da Drouot, explicando que agora todas essas obras roubadas vão poder ser recuperadas pelos seus legítimos proprietários.
Enquanto os proprietários não aparecem, as obras de arte estão guardadas num armazém da polícia em lugar indeterminado de França e sob grandes medidas de segurança.