O Estúdio 3 é "anti-crise"

Pedro Dourado, Catarina Vital Lopes e Jorge Vicente decidiram dar um pontapé na crise. Criaram um gabinete que presta apoio a outros gabinetes

Da esquerda para a direita
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Estúdio 3
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Estúdio 3

O ano começou com uma proposta de colaboração num gabinete pelo período de três meses. A meta era realizar um projecto de execução. Terminado o trabalho, Pedro Dourado decidiu arriscar. Depois de saltar de ateliê em ateliê nos últimos anos, sem conhecer um contrato de trabalho, juntou-se a Catarina Vital Lopes e Jorge Vicente, dois amigos numa situação semelhante, para dar um pontapé na crise.

O Estúdio 3, criado em Março, segue um "conceito anti-crise". A ideia não é ser rival dos outros gabinetes, mas sim dar-lhes apoio. Conciliando a experiência dos três arquitectos (Pedro em maquetas e concursos, Catarina em projectos de licenciamento e Jorge em fiscalização), oferece uma resposta polivalente. Desta forma, o requerente não necessita de solicitar várias colaborações individuais, mas apenas uma.

Boa ideia ou não, a verdade é que as "expectativas não estão muito altas", diz Pedro. Em mãos têm algum trabalho, "não muito". Sente-se a crise da construção, mas o importante é não parar. "A arquitectura é como uma actividade desportiva. Se estamos muito tempo parados também podemos enferrujar."

Pedro Dourado explica o contexto em que nasce o Estúdio 3

Decididos a ficar

O regatear na arquitectura, segundo Catarina

O mercado está "fechado", há "muitos arquitectos" e as "universidade públicas e privadas têm, em grande parte, culpa nisto", diz Pedro, para quem deveria ter existido mais atenção na abertura de novos cursos de arquitectura.

Paralelamente, há uma questão cultural inerente ao sector em Portugal, consideram Pedro e Catarina. A profissão de arquitecto ainda não é devidamente reconhecida, dizem, concordando com a opinião de Rui Cancela. "Há sempre alguém que diz que não precisa de um arquitecto para fazer um desenho", refere Catarina. Pedro Dourado traça um retrato: "Quando se entrega um orçamento, toda a gente acha caro. No fim do trabalho, espera-se um ou dois anos pelo pagamento ou vai-se recebendo a conta-gotas."

Por causa desta realidade, a emigração é uma hipótese "que nunca é posta de parte", admitem Pedro e Catarina. A primeira questão é: "Emigrar para onde?" Além disso, para já, o objectivo é resistir à crise, arranjar uma "carteira razoável de clientes", tentar e "conseguir", para que os sinais do mercado também se tornem mais positivos. Um futuro mais optimista do que aquele que Bruna Parro desenha para Portugal 

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