Genro do rei de Espanha vai ser acusado de fraude e desvio de dinheiros públicos
Segundo o Grupo de Delinquência Económica da polícia espanhola, num comunicado emitido esta quarta-feira, as provas reunidas no caso Palma Arena são fortes e claras, tornando “inevitável” que Urdangarin se torne arguido. O seu sócio, Diego Torres, já havia sido indiciado.
A suspeita de ilegalidades motivou um inquérito à empresa dos dois sócios, o Instituto Noos de Investigação Aplicada, que organizou vários eventos para o governo das ilhas baleares durante o mandato de Jaume Matas (Partido Popular) entre 2003 e 2007.
Segundo o documento da brigada de delinquência económica, foram encontradas provas de má gestão de fundos públicos por parte desta sociedade que não justificou gastos, justificou outros com facturas falsas e inflaccionou claramente os custos dos serviços. Entre os delitos atribuidos aos sócios do Instituto Noos, contam-se, assim, falsificação de documentos, prevaricação, fraude para com a Administração Pública e má gestão de fundos públicos.
Neste cenário, e como explicaram ao jornal El País fontes do processo, tornou-se “inevitável” que o duque de Palma, casado com a infanta Cristina, a filha mais nova do rei Juan Carlos, seja “citado como réu” no julgamento do caso para que explique as irregularidades na facturação da empresa. O juiz com a pasta do caso Palma Arena, José Castro, disse que está a estudar a documentação e que tomará uma decisão em breve.
Casa real não comentaA Casa Real espanhola fez saber que se se manterá informada sobre o desenvolvimento do caso e que a Justiça deve dar os passos pertinentes para o esclarecer, mas que não fará comentários.
Na terça-feira, Diego Torres foi submetido a um longo interrogatório. Avança o El País que o sócio de Iñaki Urdangarin insistiu que todas as facturas estão justificadas.
O Instituto Noos foi fundado em 1999 e nos seus estatutos assume-se como “sem fins lucrativos” e com a missão de realizar investigações, cursos, seminários e outros eventos relacionados com a competitividade inteligente entre as empresas. Entre 1999 e 2003 a empresa esteve inactiva, tendo sido reactivada com a entrada de Urdangarin como administrador. Um ano depois já era o presidente, cargo que manteve até 2006 - durante todo o seu tempo na presidência, Torres foi o gestor do Instituto.
Urdangarin e Santos criaram uma rede de sociedades para onde eram canalizadas as verbas que o Instituto Noos recebia. Segundo a investigação da polícia, que se debruçou em particular na relação entre esta empresa e o departamento de desporto do governo das baleares, o Instituto Noos fixava preços desporporcionados pelos serviços que prestava aos organismos públicos e, depois de receber o dinheiro público, fazia-o circular pelas sociedades e simulava a contratação de serviços por preços inflaccionados em relação ao que realmente pagava.
De onde vem o dinheiro?Há vários anos que a imprensa espanhola publica notícias sobre os negócios do genro do rei de Espanha e, sobretudo, sobre o seu enriquecimento súbito.
Antigo jogador de andebol, Urdangarin fez parte da equipa olímpica espanhola que foi aos Jogos Olímpicos de Atlanta (EUA) em 1996 e foi ai que conheceu Cristina — casou no ano seguinte, abandonou o desporto profissional, estudou Administração de Empresas e foi escolhido para vice-presidente do Comité Olímpico espanhol.
O casal escolheu viver em Barcelona onde, em 2005, comprou uma luxuosa casa avaliada na época em cinco milhões de euros — de onde veio o dinheiro?, questionaram os media. A casa está alugada desde que a família Urdangarin (o casal e os quatro filhos) se mudou para Washington, depois de Iñaki ter aceite o cargo de conselheiro internacional da Telefónica, uma das maiores empresas de telecomunicações do mundo.
Notícia corrigida às 17h45