Cinanima abre hoje ao ritmo de Cuba e de Fernando Trueba

"Chico y Rita" é uma produção espanhola que nos transporta para Cuba dos anos pré-Revolução. É com ela que abre hoje à noite, às 22h, em Espinho, a 35.ª edição do Cinanima

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Chico y Rita é o filme de abertura do festival de animação

"Chico y Rita" é uma produção espanhola que nos transporta para Cuba dos anos pré-Revolução e nos dá a mistura do jazz com a música sul-americana em tom de musical de Hollywood... Trata-se do mais recente filme do espanhol Fernando Trueba, que decidiu aventurar-se pelos caminhos da animação. É com ele que abre hoje à noite, às 22h, no Centro Multimeios, a 35.ª edição do Cinanima - Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho.O filme é co-realizado com Javier Mariscal, o designer gráfico que concebeu Cobi, a mascote dos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992. 

A acção começa em Havana, em 1948, quando a capital cubana era uma terra dominada pelo jazz e pelo imaginário americano. Este é o cenário principal - mas há também Nova Iorque, Las Vegas, Paris... - desta história de amor em que Chico, um músico, e Rita, uma cantora, se vão unindo e separando "como personagens de um bolero".

É assim que o apresenta a produção do filme, que parece apostar na magia própria do desenho animado tradicional, mesmo que "Chico y Rita" não ponha de parte o recurso à animação digital, além de que tem o apelo da música de compositores como Cole Porter, Dizzy Gillespie, Thelonious Monk ou Bebo Valdês... 

A animação de Trueba e Mariscal é a primeira das cinco longas-metragens incluídas no programa do Cinanima 2011, estando as restantes quatro em competição: "A Máquina Voadora", de Martin Clapp e Geoff Lindsey, e "O Ouriço-cacheiro", de Wojtec Wawszczyk, ambas sendo produções polacas; "The Ugly Duckling", do russo Garri Bardin; e "Tripura - As Três Cidades", de Chetan Sharma. 

Durante uma semana, Espinho torna-se a principal montra ibérica da animação mundial, com destaque para o cinema de autor. Na secção competitiva internacional vai mostrar 75 filmes, seleccionados a partir de 874 inscritos. Há apenas um filme português a concurso, "O Sapateiro" (2011), de David Doutel e Vasco Sá, uma produção Sardinha em Lata, que já foi exibida no Curtas de Vila do Conde e também foi seleccionada para o Festival de Annecy. Realizado com a técnica de carvão sobre papel, o filme acompanha um dia na vida de um sapateiro às voltas com as suas memórias.  

Animação feita por cá


O estado actual da animação portuguesa, que já viveu melhores anos, estará também documentado na selecção Jovem Cineasta Português (concurso), que passará no sábado, com 12 filmes resultantes de trabalhos colectivos de escolas, mas também algumas obras "de autor". 

O programa do Cinanima 2011 inclui ainda retrospectivas dedicadas a Karel Zeman (1910-1989), considerado "o Méliès checo", com a exibição de três longas-metragens, e ao casal John Halas-Joy Batchelor, cujo estúdio realizou a primeira longa-metragem da animação britânica, "Handling Ships" (1945). A dupla ficou, contudo, principalmente conhecida pela bem-sucedida adaptação do livro de Georges Orwell, "Animal Farm" (1954). Para além desta longa-metragem, o festival de Espinho mostrará 12 curtas de Halas&Batchlor. 

O programa contempla também uma selecção de filmes feita pela direcção do próprio festival, a assinalar o seu 35.º aniversário, e uma Carta Branca a Nicole Salomon, a animadora e pedagoga francesa que foi uma das fundadoras do Festival de Annecy. Salomon integra, de resto, o júri principal do Cinanima, ao lado dos realizadores Jiro Barta, checo, e Matthias Bruhn, alemão, e da designer gráfica inglesa Vivien Halas e do pintor português Pedro Proença, que é o presidente.

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