O "Film" de Tacita Dean na Tate

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"Film" é uma variada sucessão de imagens em 11 minutos CARL COURT/ AFP

À frente da câmara fixa de Tacita Dean tudo acontece devagar, como se a vida fosse feita de "takes" longos. O tempo é sempre instrumento de trabalho e referente na obra desta britânica de 45 anos que trocou o Reino Unido por Berlim e que se tem dedicado a fazer retratos em 16mm de grandes artistas em fim de vida: o coreógrafo Merce Cunningham ("Craneway Event 2009"), e os artistas plásticos Mario Merz ("Mario Merz", 2002) e Cy Twombly ("Edwin Parker", 2011). É precisamente o filme em 16mm que está na origem do seu novo trabalho, resposta à encomenda feita pela Tate Modern, em Londres. "Film", que acaba de inaugurar e pode ser vista até 11 de Março, é a 12.ª obra que a Tate, instalada numa antiga central eléctrica, programa no seu imenso Turbine Hall ("Unilever Series"), uma sala cuja dimensão faz lembrar um hangar. Este espaço, que já recebeu aracnídeos gigantes (Louise Bourgeois) e 100 milhões de sementes de girassol em porcelana pintada à mão (Ai Weiwei), mostra agora uma tela vertical que reproduz em grande escala (13 metros de altura) uma película. É nela que durante 11 minutos é projectado o filme de Dean, inspirado nos clássicos de Hollywood, mas também no pintor Piet Mondrian e em Olafur Eliasson, o dinamarquês que já fez nascer o sol no Turbine Hall com a ajuda de 300 espelhos ("The Weather Project", 2003).

As imagens são tão variadas que parecem querer pôr quem as vê a pensar em mil coisas ao mesmo tempo. Olhos gigantes, o sol de Eliasson, chaminés industriais, cogumelos, montanhas feitas a partir de pedras, ondas que parecem tocar o chão da sala das turbinas como se chegassem à praia. Tudo filmado em película (35mm), claro, um meio que a artista não quer perder. Foi, aliás, quando o laboratório do Soho londrino que costuma tratar os seus filmes a informou de que, com a hegemonia do digital, ia deixar de imprimir em 16mm, que Dean se tornou uma activista do analógico. "Film" é um elogio ao celulóide, ao suporte físico, mas soa também a "requiem". "Nós criámos um meio fantástico e agora estamos a perdê-lo", disse à AFP. "Apenas o filme permite esta impressão de movimento quando alguém se aproxima da tela."

O catálogo de "Film" tem textos de dezenas de artistas e dos realizadores Godard, Scorsese e Spielberg. É ele que escreve: "O meu passo preferido entre a imaginação e a imagem é uma tira de película fotoquímica que podemos agarrar, torcer, dobrar." Tacita Dean concorda com Spielberg.

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