"O renascimento" de Gilad Shalit

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Reuters

A família pediu recato, mas a casa dos Shalit em Mitzpe Hila, no Norte de Israel, teve de ser rodeada por um cordão de segurança para impedir jornalistas e curiosos de se aproximarem e lançarem perguntas a Shalit, refere a AFP. O “Ha’aretz” adianta que o passeio desta manhã foi acompanhado também por militares.

O sargento, refém do Hamas durante cinco anos e quatro meses, foi ontem libertado a troco de 1027 palestinianos (477 soltos ontem também). Na sua primeira noite em casa, “Gilad dormiu bem”, disse alguém próximo da família à agência francesa.

Antes de sair de casa para desentorpecer as pernas, o jovem sargento, de 25 anos (tinha 19 quando foi sequestrado), foi visto por cinco médicos militares, em sua casa. As avaliações clínicas iniciais referiam que está de boa saúde. Mas ontem Shalit, visivelmente enfraquecido, terá desmaiado no helicóptero que o levou da base egípcia junto à fronteira com Israel para uma base israelita no Centro do país.

Na entrevista que deu à televisão egípcia Nile TV antes de ser entregue às autoridades israelitas, o sargento parecia cansado e atordoado. Aliás, políticos e jornalistas israelitas denunciaram a “entrevista forçada” e o “interrogatório inapropriado e insensível”, durante o qual Shalit afirmou esperar que haja mais libertações de presos palestinianos.

O pai, Noam, adiantou ontem que Gilad tinha ainda pequenos ferimentos, incluindo alguns deixados pelo ataque que levou à sua captura, em Junho de 2006, e sofre ainda dos efeitos da privação do sol; de resto, estava bem, afirmou. “Gilad está contente por estar em casa”, afirmou. “Mas naturalmente é difícil para ele estar exposto ao público, a muita gente, dado que esteve em isolamento durante tantos dias e anos e não podia ter contacto com as pessoas”, cita o jornal israelita.

Gilad não deu logo muitos detalhes sobre o seu cativeiro aos pais, até porque terá tido pouco tempo para isso. Mas segundo Noam Shalit, era autorizado a ouvir rádio e assim ficou a saber dos acordos para a sua libertação (mediada pelo Egipto); às vezes também via televisão, apesar de maioritariamente emitida em árabe. As condições começaram por ser difíceis ao princípio, mas foram melhorando com o tempo, acrecentou o pai.

O encontro entre os dois não foi ocupado por muitas palavras: “Não conseguimos falar muito, apenas o abracei. Se bem me lembro, disse-lhe ‘bem-vindo’ e dei-lhe um abraço. Entretanto conseguimos sentarmo-nos e comer uma refeição ao fim de um dia desgastante que começou muito cedo para todos nós”. E em tom emocionado: “Hoje podemos basicamente dizer que experienciámos o renascimento de um filho”.

Notícia corrigida às 14h00
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