Damas de Branco acusam autoridades cubanas de deterem 20 dos seus membros

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Damas de Branco e muitos apoiantes homenagearam Laura Pollán em Havana Enrique De La Osa/Reuters

As detenções ocorreram na terça-feira, quando várias Damas de Branco se dirigiam para casa de Laura Pollán, no centro de Havana, contou a porta-voz da organização, Berta Soler, a El Nuevo Herald, publicado a partir de Miami e ligado à oposição cubana.

Este seria o primeiro encontro das Damas de Branco após a morte de Pollán, de 63 anos, vítima de insuficiência pulmonar e de uma infecção que a levara a ser hospitalizada. A polícia terá rodeado a casa da antiga líder do grupo e impediu o tradicional “chá literário”, que se realizava na casa de Pollán numa terça-feira de cada mês e era uma oportunidade para falar sobre os familiares detidos e as acções a adoptar para pedir a sua libertação.

“Os polícias disseram que não há chá, que esse chá acabou”, adiantou Berta Soler. A casa de Pollán foi cercada pela polícia e entre as mulheres detidas estão Maya Morejón, Rosario Morales, Mercedes Fresneda Castillo, Leonor Reino Borges, Yanelys Pérez e Ana Íris Cabrera.

Apesar da actuação da polícia, 26 mulheres conseguiram chegar a casa de Pollán e a reunião acabou por realizar-se. A morte da líder das Damas de Branco está a obrigar o grupo a reorganizar-se, e um dos objectivos deste encontro foi debater um possível alargamento da actuação da organização a outras áreas de defesa dos direitos humanos.

O “chá literário” realizado na casa de Pollán era geralmente uma ocasião para debater a situação dos detidos ou ler as cartas que estes enviavam da prisão, um acontecimento ao qual se juntava também a marcha no centro de Havana, todos os domingos, de gladíolos brancos na mão para pedir a libertação dos prisioneiros de consciência.

As Damas de Branco nasceram em 2003, depois da “Primavera Negra” em que o regime de Fidel Castro deteve 75 opositores. Cerca de 20 foram libertados ao longo dos primeiros anos, sobretudo por razões de saúde, e um acordo com as autoridades cubanas, mediado pela Igreja Católica em Cuba, levou à libertação, no último ano, dos últimos 52 membros do grupo que ainda estavam na prisão. Grande parte viajou para Espanha, onde vive hoje com familiares, incluindo algumas das fundadoras das Damas de Branco, que em 2005 venceram o Prémio Sakharov para a liberdade de expressão atribuído pelo Parlamento Europeu.

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