A compra dos direitos do próximo livro de Tim Ferris, um guru da literatura de auto-ajuda cujo primeiro livro, The 4-Hour Workweek, esteve 84 semanas a fio nos best-sellers recomendados pelo jornal New York Times, foi um dos sinais recentes de que a Amazon está mesmo disposta a apostar a sério no último segmento que ainda lhe faltava para absorver todo o circuito do livro.
A notícia de que este gigante da Internet contratara na semana passada Laurence ["Larry"] Kirshbaum, um veterano da edição que passou pela Random House e esteve trinta anos no sector editorial da Time Warner, veio confirmar os piores receios das grandes editoras tradicionais americanas e inglesas.
"Larry vai construir uma equipa editorial em Nova Iorque e irá lançar novas chancelas no universo das publicações Amazon, focando-se na aquisição de direitos de livros de alta qualidade, quer na ficção literária e comercial, quer na gestão e noutros géneros não ficcionais", anunciou a empresa através de um dos seus principais executivos, Jeff Belle.
Só neste Outono, a Amazon pretende publicar 122 livros, em papel e em formato electrónico, entre os quais se conta, por exemplo, uma autobiografia da realizadora e actriz Penny Marshall, a quem terá sido pago, segundo o New York Times, um adiantamento de 800 mil dólares.
Victoria Barnsley, do grupo editorial HarperCollins, reconhece que a entrada da Amazon no mercado editorial "é obviamente uma preocupação" e que esta se tem vindo "a aproximar de uma posição de monopólio", mas acrescenta que a empresa de venda on line é também "um cliente muito importante" e que "fez coisas fantásticas pela indústria do livro".
Os grandes grupos editoriais têm reagido com prudência às mais recentes movimentações da Amazon, da qual dependem cada vez mais para vender os livros que publicam. Um silêncio que, para Dennis Loy Johnson, proprietário da editora americana independente Melville House, tem uma explicação simples: "Os editores estão aterrorizados e não sabem o que hão-de fazer".