CP vai substituir comboios por automotoras na linha da Beira Baixa a partir de sábado
Mudança permitirá poupar dinheiro, devido ao menor consumo energético. Número de ligações diárias entre Guarda e Entroncamento mantém-se intacto
A partir de sábado os Intercidades da linha da Beira Baixa, cujas composições são formadas por locomotivas a rebocar carruagens, passarão a ser feitas por automotoras UTE (Unidades Triplas Eléctricas).
A CP diz que este material oferece "condições de conforto similares às dos comboios actualmente em circulação" e justifica esta medida pelas reduções de custos que as automotoras proporcionam e que se podem traduzir numa economia de 1,5 milhões de euros por ano para a empresa.
Os horários serão basicamente os mesmos (três Intercidades diários em cada sentido entre Lisboa e Covilhã), bem como os preços dos bilhetes.
Em rigor as "novas" automotoras que vão circular na Beira Baixa são velhas dos anos 1970 e foram construídas na Sorefame, na Amadora, destinadas ao serviço suburbano. Circularam na linha da Azambuja e no Grande Porto (sobretudo entre Aveiro e S. Bento) durante quase 30 anos, fizeram as ligações entre Tomar e Lisboa e os regionais na linha do Norte, mas no início do séc. XXI foram modernizadas. Esta intervenção deixou intactas as caixas, tendo-se substituído todo o equipamento.
Desde então passaram a fazer o serviço regional, mas duas destas automotoras foram agora adaptadas a comboio Intercidades.
Fonte oficial da CP diz que a recente electrificação da linha da Beira Baixa até à Covilhã, concluída em 31 de Julho passado, representa uma oportunidade de reformulação das condições da oferta, destacando a imperiosa necessidade de a empresa reduzir custos, uma vez que a procura tem vindo a descer neste eixo e a ocupação média dos comboios raramente ultrapassa os 40%.
A redução dos custos em 1,5 milhões de euros deve-se ao menor consumo energético das automotoras face às pesadas locomotivas que rebocavam apenas três carruagens e à eliminação de custos com pessoal para fazer a manobra de inverter a locomotiva na Covilhã e em Sta. Apolónia. Uma automotora tem cabine de condução nas extremidades, bastando agora que maquinista (e não a locomotiva) mude de uma ponta para a outra da composição.
A CP transporta, em média, 128 passageiros em cada Intercidades da Beira Baixa, ou seja, 768 por dia nos dois sentidos. A composição actual disponibiliza 192 lugares e, a partir de sábado, as UTE dispõem de 189 lugares.
Desde que foi construída a A23 que o tráfego de passageiros nesta linha tem vindo a descer. O anúncio de que esta auto-estrada passará a ser portajada poderá ser uma oportunidade para a CP, mas, questionada pelo PÚBLICO, a empresa admite que não tem quaisquer estudos que lhe permitam prever qual o acréscimo de procura que isso poderá induzir.