Michael Seufert: "ser geek agora é cool"
Deputado não sabe dizer quando lhe surgiu o gosto pela tecnologia - mas não vive sem ela e fez do 'hobby' um objecto de estudo
“Eu transformei o meu 'hobby' nos meus estudos”. Michael estudou Engenharia Electrotécnica e de Computadores na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, onde se encontra a fazer mestrado. Actualmente, Michael Seufert é deputado do CDS e um dos mais novos deputados na Assembleia da República.
“O geek tornou-se, de alguma maneira, mais fixe, mais 'cool'”, afirma Michael. Seja pela popularização deste grupo social em séries de televisão ou mesmo na internet, o deputado realça que já há quem reconheça que o "geek" é alguém que domina o mundo da tecnologia, mas que também “tem uma vida social normal e tem amigos no mundo real”.
Michael Seufert admite que, “não havendo uma necessidade de afirmação, porque não há uma exclusão ou discriminação”, muitos se assumem como "geeks" para justificarem gostos mais peculiares e “mais compulsivos por informações do mundo digital”.
Segundo o engenheiro, esta afirmação pessoal é uma forma de mostrar o orgulho de ser-se "geek": “Para mim, foi uma coisa quase subconsciente, mas quando o fiz, fi-lo com orgulho de quem acha que não há problema nenhum em ser-se "geek" e em afirmá-lo publicamente”.
Preconceitos "geek"
Para Michael, saber lidar com computadores é algo que já se encontra generalizado. Um "geek" “é uma pessoa que gosta de estar sempre informada sobre as evoluções tecnológicas e é uma pessoa para quem as tecnologias são uma bênção e não um desespero”.
“Toda a gente conhece um primo ou um sobrinho a quem liga quando há um problema com o computador. Eu, na minha família, sou essa pessoa”, confessa Michael. Contudo, “com as tecnologias cada vez mais omnipresentes” existem concepções erradas sobre este grupo social: “Há o preconceito do universitário que se alimenta de "fastfood" e de refrigerantes e que passa o dia numa cave a jogar jogos de computador. Acho que não bate com a realidade e, pelo menos com a minha, não bate com certeza”.
O facto de poucas mulheres apostarem numa formação tecnológica é algo que Michael sempre notou na vida académica: “As escolas de engenharia do país têm um défice de mulheres crónico e conhecido”. Porém, pensa não existir nada que impeça as mulheres de seguir essa propensão: “Acho que se trata mesmo de uma questão de vocação e que pode, ou não, mudar com o tempo, mas não há aqui qualquer tipo de preconceito”.