Nobel da Medicina para descobertas na imunologia

O norte-americano Bruce Beutler, o francês Jules Hoffmann e o canadiano Ralph Steinman distinguidos em Estocolmo

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Prémio Nobel da Medicina ou Fisiologia 2011 atribuído a trabalhos na área da imunologiaPaulo Pimenta/arquivo

O norte-americano Bruce Beutler, o francês Jules Hoffmann e o canadiano Ralph Steinman foram distinguidos com o Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina 2011, atribuído esta segunda-feira em Estocolomo, pelos seus trabalhos fundamentais na área da imunologia.

Metade do montante do prémio vai conjuntamente para Beutler (do Scripps Research Institute na Califórnia) e Hoffmann, "pelas suas descobertas acerca da activação da imunidade inata", e metade para Steinman, da Universidade Rockefeller, em Nova Iorque, "pela sua descoberta das células dendríticas e do seu papel na imunidade adaptativa", anunciou em comunicado a Academia Nobel do Instituto Karolinska.

Exércitos celulares que "devoram" intrusos

O sistema imunitário (humano mas não só) possui duas linhas de defesa. A primeira é a imunidade inata, que ao activar-se em presença de um microorganismo potencialmente patogénico consegue destrui-lo rapidamente. Os seus principais protagonistas são células chamadas fagócitos, que literalmente "devoram" os intrusos.

A segunda linha de defesa, a da imunidade adaptativa, activa-se quando um vírus, bactéria, fungo ou parasita patogénico consegue ultrapassar a primeira barreira. Os seus actores principais são os linfócitos B e T, que respectivamente produzem anticorpos e causam a multiplicação de células "assassinas" para destruir as células infectadas.

Para mais, este segundo tipo de imunidade possui uma "memória", que permitirá desenvolver mais rapidamente esta segunda fase da resposta imunitária da próxima vez que o mesmo agressor tentar penetrar no organismo. As vacinas exploram precisamente essa memória imunitária, mantendo-nos protegidos de uma série de doenças durante anos a fio.

À procura dos "gatilhos" da imunidade

Embora muitos dos componentes do sistema imunitário já tivessem sido determinados, seriam precisas as descobertas dos laureados do Nobel 2011 para se ficar a conhecer os processos de activação de cada uma das duas facetas da imunidade. Foram os trabalhos de Hoffmann e Beutler que permitiram desvendar o "gatilho" da imunidade inata.

Em 1996, Hoffmann estava a tentar perceber, com a sua equipa, como faziam as moscas-do-vinagre para combater as infecções. Descobriu então que as moscas que tinham uma mutação ao nível de um gene chamado Toll morriam quando eram infectadas por bactérias ou fungos porque não conseguiam desenvolver uma reacção imunitária contra eles.

Hoffman mostrou ainda que esse gene estava envolvido na detecção dos microorganismos patogénicos pelo sistema imunitário das moscas e que a sua activação era necessária para a imunidade inata funcionar correctamente. 

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