Ministros do euro reabrem o segundo pacote de ajuda à Grécia
Este tema vai estar no centro da reunião dos ministros das Finanças da zona euro que arranca ao fim da tarde, no Luxemburgo, e que se dedicará sobretudo a completar os últimos detalhes dos acordos anticrise concluídos pelos seus primeiros-ministros.
A Alemanha, sobretudo, que impôs o envolvimento dos credores privados (bancos, fundos de pensões) no segundo pacote grego, através de um reescalonamento dos títulos de dívida em sua posse ou venda no mercado secundário, exige agora um envolvimento maior.
Oficialmente, no entanto, a reabertura do segundo programa grego não está em discussão entre os Dezassete, segundo garantem vários diplomatas em Bruxelas. "Não há qualquer razão para rever o acordo", afirma um diplomata europeu. "Há muitos aspectos que ainda não estão a ser aplicados e por isso não tem sentido reabri-lo", frisou.
Igual discrição está a rodear as discussões que prosseguem muito em segredo entre as capitais europeias sobre a forma de multiplicar por quatro a capacidade de intervenção do fundo de socorro do euro (FEEF), embora sem aumentar as garantias fornecidas pelos Estados. As ideias em discussão referem-se sobretudo a formas de assegurar uma "alavancagem" do FEEF, possivelmente através da possibilidade de se financiar directamente junto do Banco Central Europeu para emprestar aos países com crises de liquidez.
A reunião de hoje "não é o local nem o momento" para uma discussão desse tema, que "nem sequer é um assunto", afirmou o diplomata.
O Governo francês deu sinais na semana passada de que avançaria propostas nesta matéria logo que o Parlamento alemão aprovasse a reforma do FEEF que foi acordada igualmente em Julho destinada a reforçar a sua capacidade efectiva de empréstimo para 440 mil milhões de euros, e permitir-lhe intervir no mercado (primário e secundário) da dívida dos países em dificuldades, fornecer empréstimos preventivos e recapitalizar bancos.
Mas, depois da votação do Bundestag, na quinta-feira, Paris manteve o silêncio, limitando-se o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, a anunciar que se deslocará brevemente a Berlim para "continuar com a chanceler Angela Merkel os trabalhos de colaboração e de coordenação entre a França e a Alemanha que têm assegurado a protecção da Europa".
Este silêncio destina-se sobretudo a não perturbar o debate que prossegue nos três últimos parlamentos - holandês, maltês e eslovaco - que ainda não confirmaram os acordos de 21 Julho.
"A melhor maneira de matar o acordo de 21 de Julho é dizer que está caduco", protestou outro diplomata. "A crise do euro é sobretudo uma crise de comunicação, logo tudo o que puser em dívida o acordo de 21 de Julho no espírito dos mercados é para evitar", justificou.
Dos três países, a Eslováquia é o mais complicado devido ao desacordo na matéria entre os partidos da coligação governamental. Yveta Radicova, primeira-ministra, está, aliás, sob uma forte pressão dos parceiros europeus para assegurar a aprovação dos acordos antes da cimeira de líderes do euro de 18 de Outubro que deverá resultar em novas decisões de reforço das regras da moeda única.
Depois de muitos esforços junto dos partidos da sua coligação, Radicova anunciou na sexta-feira que a data da votação foi antecipada de 25 de Outubro para, o mais tardar, dia 14, e que se comprometeu com os restantes países europeus com um resultado positivo. Para isso, a governante garantiu aos opositores que não haverá novas mexidas no FEEF.