Vá entrando que não paga. E não estranhe, se, até às 19h00 de hoje, vir gente a entrar e a sair de dezenas de casas do centro de Guimarães. É que a cidade decidiu abrir as portas aos seus artistas para que estes possam mostrar-se. A iniciativa chama-se Noc Noc e já era um caso de sucesso antes mesmo de começar, ontem.

"Cada um está a mostrar o que de melhor tem para oferecer", explica Pepe Garcia, artista plástico e um dos organizadores do festival de artes. Os artistas puderam inscrever-se livremente no evento, propondo projectos artísticos que vão poder ser vistos em casas particulares, sedes de associações culturais e lojas comerciais.

O projecto nasceu "numa mesa de café", à volta da qual vários artistas da cidade discutiam a sua participação na Capital Europeia da Cultura. "Pensamos em fazer algo paralelo, porque percebemos que dificilmente iríamos ser incluídos nela. O normal neste tipo de eventos é que se dê lugar a artistas de grande nomeada", explica Pepe Garcia. Mas a forma como a cidade encarou o Noc Noc acabou mesmo por convencer a organização da Guimarães 2012, que apoia o evento deste fim-de-semana.

"Em Janeiro, pensávamos que iríamos ter cerca de 40 artistas", confessa Pepe Garcia. Depois o movimento chegou à Internet - no Facebook tem quase 1200 amigos - e começou a promover-se também de modo colaborativo, desafiando os artistas inscritos a criar postais e vídeos promocionais do evento. "De repente, isto explodiu-nos nas mãos", ilustra Jorge Castelar, advogado, convertido em produtor do evento nos últimos dias. O festival apresenta 150 projectos de 300 artistas em 41 locais da cidade. "Dificilmente haverá tempo para ver todas as exposições", admite Pepe Garcia. Mas a forma como as exposições foram organizadas permite aos visitantes escolher aquilo que mais lhes interessa.

A organização estabeleceu um princípio de não curadoria, limitando-se a agrupar os projectos com maiores afinidades nos mesmos espaços. Por isso, até ao final da tarde de hoje haverá muita diversidade de propostas para conhecer em Guimarães, da fotografia ao teatro, passando pela pintura e a escultura. Esta abertura explica em parte o sucesso do Noc Noc antes mesmo de começar. É que o que começou por ser uma iniciativa de um grupo de amigos acabou a envolver centenas de artistas, metade deles de Guimarães, mas outros provenientes de vários pontos do país, do Grande Porto ao Alentejo, passando pelo Oeste.