Miroslav Klose, o último goleador solitário da Alemanha prepara a sua retirada em Roma
Avançado alemão de ascendência polaca é o segundo melhor marcador em Mundiais, à frente de Pelé e Fontaine. Chegou à Lazio com 33 anos e é o grande temor do Sporting nesta noite
A selecção da Alemanha sempre habituou os seus avançados à solidão, atirando-os para a frente de combate, sós, sem companhia. É uma posição solitária essa de ser atacante da Mannschaft.
Tem sido assim desde os tempos mais antigos, de Max Mor-lock, esse atirador furtivo que levou os alemães à conquista do seu primeiro título no Mundial de 1954, ao "Bombardeiro" Müller, que "explodiu" em 1974, dando a oportunidade ao capitão Beckenbauer de levantar o segundo ceptro. Houve ainda Rummenigge e Klinsmann, solitários que marcaram duas eras no futebol germânico. Agora é Miroslav Klose, o último dos resistentes numa selecção que prescinde dos avançados eremitas, a fechar um capítulo com mais de meio século.
Quando Klose chegou a Roma neste Verão, as portas da capital de Itália abriram-se para deixar entrar um monumento vivo. O avançado alemão, com os seus 33 anos, leva consigo toda uma tradição de golos e foi por isso que a Lazio o foi recrutar. Miroslav Marian Klose levou também títulos. É o segundo melhor marcador de sempre nos Mundiais, com 14 golos, à frente de Pelé (12) e Fontaine (13), só atrás de Ronaldo, o "Fenómeno", que tem 15.
No Campeonato do Mundo de 2006, na Alemanha, foi o melhor marcador, com cinco golos. Na África do Sul, marcou pela terceira vez consecutiva no primeiro jogo de um Mundial. Este polaco, que nasceu em Opole, naturalizado alemão, não gosta de ter a bola muito tempo. Gosta de se ver livre dela.
A Lazio, participante na Liga Europa graças ao quinto lugar da época passada, foi buscar o que sempre lhe faltou. A equipa vive na sombra da arte do médio Hernanes, um centro-campista que, com 11 golos, foi o melhor marcador da equipa. Foi fazendo pela vida, foi o melhor marcador dos lazziale na última época, mas o clube ressentiu-se, caiu na tabela, ficou sem golos. A chegada de Klose é uma repetição de há 20 anos, quando Karl-Heinze Riedle foi para a Lazio. Marcou 30 golos em 84 jogos (entre 1990-1993) e foi o último ponta-de-lança germânico a actuar no clube.
No Bayern, Klose viveu os seus piores dias. Chegou à Baviera depois de ter dado provas no Kaiserslautern e Werder Bremen, aí foi rei incontestado, mas em Munique experimentou o banco, renegado por Van Gaal - apontou 11 golos, longe dos tempos do Bremen (2004-07), quando marcava um golo a cada dois jogos e foi o melhor marcador da época 2005-06. Mesmo assim, o estatuto segurou o jogador e continuou a ser chamado à selecção.
Nesta temporada, Klose leva dois golos (ao Milan e Cesena) em quatro jogos e chegou tocado a Alvalade, um palco que o teme: ali marcou um golo na goleada do Bayern para a Champions (0-5) em 2008-09 (apontou outro em Munique, na segunda mão).
Fez o mesmo à selecção de Portugal, com um golo no triunfo por 3-1 nos quartos-de-final do Euro 2008. Embora longe das marcas de Morlock (perto de 700 golos em cerca de 900 jogos) ou Müller (405 golos em 507 partidas), ou mesmo de Klinsmann (650 jogos e 285 golos), continua a ser uma referência, com os seus 212 golos em 490 jogos.