Estudo propõe modernização da Linha do Minho em alternativa à alta velocidadeO que está em causa

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Falta electrificar o troço Nine-Valença da Linha do Minho paulo ricca

Apostando que não haverá TGV, municípios do Alto Minho apresentam estudo que potencia linha existente e põe o Porto a uma hora e 40 minutos de Vigo, com um quinto dos custos

Em vez da alta velocidade, cuidemos das linhas que ainda temos e modernizemo-las antes que fechem. Em resumo, esta é a tese do documento elaborado pela TRENMO Engenharia, SA, do professor universitário Álvaro Costa, em que se propõe um investimento de 180 milhões de euros para electrificar, instalar sinalização electrónica e rectificar o traçado da Linha do Minho entre Nine e Valença, por forma a que a viagem desde o Porto à fronteira com a Galiza seja feita numa hora e 15 minutos.

Este cenário tem em conta que, do lado espanhol, a viagem até Vigo demoraria mais 25 minutos, pelo que Porto-Vigo seria feito em 1 hora e 40 minutos. O projecto para a alta velocidade prevê um tempo de percurso de 1 hora entre as duas cidades, mas custa cinco vezes mais: 945 milhões de euros, em vez dos 180 milhões necessários para pôr a Linha do Minho com padrões de qualidade idênticos aos da Linha do Norte ou da linha Lisboa-Algarve.

Esta proposta tem ainda a vantagem de, com o mesmo investimento, servir também Barcelos, Viana do Castelo e Caminha, "cosendo" o litoral minhoto. O TGV, em contrapartida, só serviria Braga.

A proposta agrada aos municípios do Alto Minho que, descrentes da alta velocidade, preferem apostar na linha que desde 1882 atravessa a região. Com a modernização proposta, poderiam coexistir na linha o tráfego internacional Porto-Vigo com, por exemplo, comboios pendulares, serviços regionais, mercadorias e suburbanos.

E é nestes últimos que o estudo da TRENMO apresenta as propostas mais inovadoras, pois considera um cenário com uma modernização barata (apenas 43 milhões de euros) entre Nine e Viana, de modo a que esta fique a 1 hora e 15 minutos do Porto (actualmente demora duas horas) com comboios suburbanos.

Álvaro Costa está a estudar a possibilidade de Barcelos e Viana do Castelo passarem a integrar a coroa suburbana dos transportes públicos do Porto, o que pressupõe a modernização dos 42 quilómetros de via férrea entre Nine e Viana. E, dada a escassez de recursos da Refer, propõe que este investimento seja realizado pelo operador privado que vier a ganhar a concessão da CP Porto.

O Governo tem já em mãos um estudo encomendado pela CP para a concessão a privados dos serviços suburbanos de Lisboa e Porto. Álvaro Costa diz que o Estado pode aproveitar esta oportunidade para incluir no caderno de encargos o compromisso da modernização e exploração da Linha do Minho até Viana do Castelo à empresa que vier a ganhar a exploração de todos os suburbanos do Porto. É um investimento para o qual - caso a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte queira envolver-se no projecto - se poderia obter uma comparticipação a 80% do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional .

Com a linha electrificada e dotada de sinalização automática até Viana, os custos de exploração baixavam e a procura aumentava, porque se reduziria o tempo de percurso. Mas Álvaro Costa reconhece que, mesmo assim, não será fácil a uma empresa assegurar esse serviço sem prejuízo, a menos que conte com contrapartidas financeiras por parte do Estado.

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