Parece estar a formar-se uma “divisão” entre os Carpenterianos ferrenhos a propósito desta primeira longa em dez anos do mestre da série B - os fãs mais jovens descartam-no como um falhanço de velhinho moderno, os ferrenhos de longa data aplaudem como um reencontro com as virtudes de um género que tem andado mal tratado. É verdade que “O Hospício” é uma “encomenda” que Carpenter aceitou para ver se ainda tinha dedo e gosto por filmar, e que há aqui pouco de genuinamente novo ou original (estão perdoados por verem aqui muitos pontos de contacto com o estimável “Identidade Misteriosa” de James Mangold). Mas isso não interessa nada quando reencontramos aquela câmara em constante e nervoso movimento, a elegância eficaz com que Carpenter esconde o baixo orçamento e a meia-dúzia de cenários, o modo como a economia seca e directa do realizador torna quase indetectável a implausibilidade da sua trama. Aquilo que diferencia “O Hospício” da maior parte do cinema de género contemporâneo chama-se “savoir-faire” e é algo que só se ganha com experiência - e se “O Hospício” não é um Carpenter “vintage”, é a prova de que a quem sabe (felizmente) nunca esquece.
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