Talvez em reacção à "taluda" que lhe saiu com "O Segredo de Um Cuscuz", Kechiche torna a aqui as coisas mais negras, e não só no título, e não só na cor da pele. Para o espectador, é mais agreste, mais sulfuroso, mais difícil de ver e, sobretudo, mais difícil de gostar. Pena que, mesmo assim, Kechiche ponha um pé no travão, e não resista a afagar as emoções de quem vê, aproximando-o da "vénus negra", deixando claro que é suposto que filme e espectador tenham sentimentos, "simpatia" por ela. Porque o filme é muito melhor - e há alguns paralelos interessantes com o coreano "Eu Vi o Diabo" - quando deixa o espectador perdido na "violência antropológica" que subjaz à história, quando não lhe indica uma maneira de olhar, quando o instala, com frieza, nas teias do espectáculo da desumanidade colonial de há dois séculos. Em suma, quando o que está em causa é um convívio com a "simpatia pelo diabo".
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