Muro de Berlim: criatividade nas tentativas de fuga

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Barreira começou a ser construída há 50 anos Foto: DR/arquivo

Era um domingo de Agosto quando os berlinenses acordaram para uma cidade dividida, estupefactos perante os rolos de arame farpado que agora separavam, serpenteando, os lados leste e oeste.

A barreira pretendia pôr fim às passagens de Berlim Leste para Oeste (entre 1949 e 1961 quase três milhões de pessoas, na maioria jovens, saíram da ex-RDA) mas, perante a nova dificuldade, muitos foram criativos.

Dois dias depois da imposição da barreira, um fotógrafo capta um momento simbólico: um soldado da RDA salta o arame farpado para Berlim Ocidental, arma ao ombro, em direcção à objectiva.

A 24 de Agosto, um jovem tenta atravessar o rio a nado. É atingido a tiro e torna-se a primeira vítima dos guardas fronteiriços.

O muro foi-se depois solidificando e ganhando corpo de cimento e estrutura associada. As tentativas de o passar vão-se sucedendo, por terra, mar ou ar. Um maquinista não pára um comboio na última estação de Berlim Leste e segue em frente até Berlim Ocidental. 25 passageiros ficam no Ocidente, sete pedem para regressar ao Leste. No dia seguinte, a linha é cortada.

A maioria das tentativas envolveu passagens subterrâneas. Ulrich Pfeifer, um engenheiro, passou para Oeste pelo sistema de esgotos. Quando a namorada tentou fazer o mesmo, uns dias depois, com outro grupo, foi apanhada, presa e condenada a sete anos de prisão.

O engenheiro trabalhou depois em quatro túneis a partir de Berlim Ocidental. Um dos túneis foi escavado por 40 pessoas durante seis meses e ficou conhecido como "o túnel 29" - 29 pessoas passaram antes de a Stasi o ter descoberto.

Outras pessoas tentaram o ar: mais a sul, duas famílias fizeram balões de ar quente com panos de nylon e voaram para o Ocidente. Depois desta fuga, os panos de nylon passaram a ser racionados na então RDA.

Outra fuga, em Berlim, envolveu o disparo, por um arco, de uma corda numa seta com ponta de ferro: dois irmãos conseguiram atravessar pela corda, que ficou entre um edifício de cinco andares no Leste e outro um pouco mais baixo no Oeste.

Houve ainda quem atravessasse literalmente o muro: pelo menos dois veículos foram lançados contra a barreira e saíram do outro lado.

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