Quatro casas de habitação agrícola da Antiguidade e da Idade Moderna e vestígios de cerâmica foram descobertos em zonas rurais de Faro por uma equipa de especialistas, disse ontem o arqueólogo Nuno Beja.

Um dos arqueólogos que participaram nos trabalhos de descoberta e inventariação, Nuno Beja, explicou que foram encontrados este ano "quatro casais agrícolas", ou seja, uma espécie de unidades constituídas por casa de habitação com dependências adequadas à exploração rural. Umas propriedades rústicas que pertencem aos séculos V e VI (Antiguidade Tardia) e outras à Idade Moderna (séculos XVI e XVII) e foram descobertas em freguesias de Faro, no âmbito no âmbito da Carta do Património, acrescentou a mesma fonte, citada pela Lusa.

Uma ermida, um cruzeiro e 529 vestígios arqueológicos rurais, como azenhas, poços, noras, foram também inventariados pela primeira vez durante os trabalhos de identificação. As descobertas foram realizadas por uma equipa da divisão de regeneração urbana da Câmara de Faro, que esta semana apresentou os resultados da primeira fase de trabalhos, que permitem saber com antecipação os locais que contêm vestígios arqueológicos. Alguns vão ser acrescentados à carta arqueológica do concelho de Faro.

"É um instrumento indispensável ao planeamento integrado, por isso se torna necessário atribuir um valor e classificação a estas estruturas, para que tenham um enquadramento legal e possam depois ser transpostas para o Plano Director Municipal (PDM)", explicou Teresa Valente, arquitecta e coordenadora da equipa.

Os especialistas procederam ao levantamento e inventariação das estruturas patrimoniais, cuja preservação deve ser depois articulada com as estruturas políticas e modelos de desenvolvimento e ordenamento local, estima Teresa Valente. A segunda fase de trabalhos passa pela atribuição de um valor a todas as estruturas, registo fotográfico e gráfico, obras de conservação e classificação, permitindo a sua salvaguarda e integração no PDM.

Vai ser possível visionar os vestígios arqueológicos na Internet, através do Sistema de Informação Geográfica, para uso das comunidades que habitam o concelho de Faro. A equipa de arqueólogos, arquitectos e técnicos superiores de património cultural desenvolveu um trabalho de campo nas seis freguesias de Faro entre Fevereiro de 2009 e Junho de 2010.