E lá vamos Verão adentro, de sobressalto em sobressalto: agora é o "Capitão América" (suspiro). Tão insosso e infantilóide como seria de esperar, tão indistinto como qualquer outro "filme de super-heróis" (bocejo). Deliremos, para isto ter alguma graça. Reparemos, por exemplo, na ironia de "Capitão América" ter estreado na semana em que a América deixou oficialmente de capitanear a sua própria casa - é o tempo do Capitão Standard & Poor, do Capitão Fitch, do Capitão Moody... Coincidência, claro, mas tão simbólica. Simbólica de como Hollywood, contra a sua própria história (que é uma história de "escapismo", certo, mas de escapismo "implicado"), parece definitivamente ter desistido de ter alguma relação com a realidade circundante, para se instalar num mundo de pura fantasia e "wishful thinking" povoado por hordas de adolescentes embrutecidos que acreditam que estão a ver mais porque estão a ver em 3D. Mas não estão, e um dia destes alguma boa alma se lembrará de escrever um ensaio sobre a relação (oposta) entre os óculos das 3D e os óculos do "They Live" de John Carpenter.
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