Museus de História Natural têm dois milhões de espécimes prestes a sair do armário
A maioria do espólio, com um total de 2.113,619 espécimes, está à guarda do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra (com 832.851 espécimes). Na verdade, o herbário desta instituição é o segundo maior da Península Ibérica, depois do Herbário do Real Jardim Botânico de Madrid.
A gaveta dos herbários é a que guarda mais espécimes (1501,948 espécimes), seguidos das colecções de Zoologia (450.061), minerais e geologia (122.029), Arqueologia (21.702) e Antropologia (17.879). O maior objecto montado será a baleia franca que está em Coimbra, com 20 metros de comprimento. A Universidade do Porto guarda a mais representativa colecção de moluscos terrestres, com 1448 espécimes, e o Instituto de Investigação Científica Tropical cuida das maiores colecções mundiais de espécimes de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e S. Tomé e Príncipe. Exemplares da floresta Laurissilva estão no Museu do Funchal e espécimes da fauna ibérica encontram-se no Museu de História Natural da Universidade de Lisboa.
"Algumas colecções estão muito bem cuidadas", mas a maioria "precisa de medidas urgentes", admite Paulo Gama Mota, o porta-voz do Consórcio Nacional para a Preservação e Uso em Investigação das Colecções de História Natural (NatCol), constituído em Dezembro.
Além de salvar estes “tesouros”, o objectivo do consórcio é “construir uma atitude nova relativamente ao património científico de história natural do país”, acrescentou o também director do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra. As colecções já não se contentam em ser peças de museu. Hoje, graças às técnicas da biologia molecular, há novas utilizações para os objectos recolhidos ao longo dos últimos 200 anos, em Portugal e nos antigos territórios ultramarinos (Brasil, Angola, Moçambique, São Tomé, Guiné, Macau, Timor e Goa).
Entre os primeiros trabalhos dos cinco museus está a construção de um site, a informatização das colecções, a adesão a organismos internacionais de História Natural e o primeiro encontro anual, no Outono. “Até ao fim do ano queremos ter um levantamento do estado de digitalização das colecções”, adiantou Paulo Gama Mota. De momento, em cima da mesa está uma colaboração com o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) e eventuais novas adesões ao consórcio para o próximo ano.
"As colecções nacionais, separadas, são relativamente pequenas. Mas juntas são muito significativas da biodiversidade não só portuguesa mas a nível do planeta”, salientou.