Instituto Gulbenkian de Ciência ganha autonomia
O presidente da Fundação Gulbenkian, Rui Vilar, anunciou ontem que o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) vai tornar-se autónomo. Vilar falava na cerimónia de comemoração dos 50 anos do IGC, que decorreu durante a manhã no instituto, em Oeiras. Está a ser definido, declarou, "um novo modelo de gestão, que passa pela autonomização do IGC, eventualmente através de uma nova pessoa jurídica". E disse também que "importa definir e aprofundar um novo modelo científico" e garantir "sólidas bases económicas e financeiras para o IGC continuar a ser uma flagship" portuguesa internacional da investigação.
Em conversa com o PÚBLICO, António Coutinho, director do IGC, disse que a autonomização, que foi decidida há duas semanas pelo Conselho de Administração da Fundação Gulbenkian, permitirá agilizar a gestão do instituto: "Sempre me pareceu que o IGC podia ser gerido de forma mais flexível com regras administrativas diferentes das da Fundação". Os novos mecanismos de financiamento ainda estão a ser discutidos, mas Coutinho acredita que o IGC pode tornar-se autónomo até ao final do ano. Para já, não estão previstos outros parceiros para além da Fundação, mas essa é uma opção que Coutinho não descarta no futuro.
O IGC foi fundado pela Fundação Gulbenkian em 1961 para desenvolver a investigação biomédica e actividades de ensino, explica o seu site. Em 1998, foi reorganizado, sob a direcção de Coutinho, tornando-se uma instituição incubadora de novos grupos de investigação. Em 2010 e 2011, foi classificado, num inquérito da revista The Scientist, como uma das dez melhores instituições fora dos EUA para doutorados.
Ontem à tarde, numa cerimónia na Fundação, em Lisboa, Vilar disse que "o modelo científico [do IGC] adoptado em 1998 e a missão que então lhe tinha sido cometida terminaram o seu ciclo" e que "a autonomia institucional permitir-lhe-á maior flexibilidade e melhor adaptação da gestão própria de um instituto de investigação, reforçando a possibilidade de "parcerias com instituições congéneres" e facilitando "a exploração de patentes e o lançamento de start-ups empresariais". E salientou que "a ligação institucional com a Fundação, a começar pela manutenção do nome Gulbenkian, dar-lhe-á alicerces robustos e perspectivas alargadas de futuro".