Fiscal das secretas "enterra" caso Bairrão, PS questiona

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O Governo desmentiu que tenha "recolhido informações junto dos Serviços de Informação" sobre Bairrão Foto: Hélder Olino/arquivo

Marques Júnior, presidente do Conselho de Fiscalização de Informações da República Portuguesa (CFSIRP), revelou ontem ter recebido garantias dos serviços de que nada lhes foi pedido sobre Bairrão, que chegou a ser convidado para secretário de Estado da Administração e depois retirado da lista.

Em declarações ao PÚBLICO, Marques Júnior disse ter falado "com os directores dos dois serviços" e recebeu garantias de que nem o Serviço de Informações e Segurança (SIS) nem o Serviço de Informações Estratégicas e Defesa (SIED) tiveram qualquer solicitação nem fizeram qualquer investigação a Bairrão.

"O Governo já esclareceu e a informação que recebi dos directores dos serviços foi muito clarificadora" , disse o ex-deputado do PS, que regista, também, o desmentido categórico do ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, à notícia do semanário.

O Expresso noticiou no sábado que "o Governo pediu ajuda aos serviços secretos" para investigar o envolvimento de Bernardo Bairrão em negócios em Angola e no Brasil. "O Governo temeu casos mediáticos com quem ia ter a tutela directa das polícias", o que levou Passos Coelho a desistir do nome de Bairrão, que já havia sido convidado para secretário de Estado.

O executivo emitiu um comunicado em que "desmente categoricamente" que tenha "recolhido - ou promovido que se recolhesse - informações junto dos Serviços de Informação" sobre Bairrão. O próprio primeiro-ministro repetiu ontem a garantia de que "é falso" qualquer pedido de investigação das "secretas" sobre Bairrão e desafiou os jornalistas a apresentarem provas.

Ontem, o deputado Vitalino Canas admitiu questionar o Governo sobre a alegada investigação dos serviços de informações a Bairrão através de um requerimento a entregar no Parlamento. Em declarações ao PÚBLICO, Vitalino Canas disse que, "a ser verdade, esta é uma situação muito grave", por aquele tipo de informação estar vedada quer ao SIS quer SIED.

"Não está nas competências nem do SIS nem do SIED fazer esse tipo de investigação sobre pessoas, seria ilegal", sublinhou o deputado socialista. Pelo que pondera, depois de falar com a direcção da bancada do PS, vir a pedir mais esclarecimentos ao executivo.

No sábado, em entrevista à SIC, o ex-administrador da TVI defendeu que, "se existiu alguma investigação, ela seja divulgada". Caso contrário, "acabem as calúnias e retractem-se as pessoas que as puseram a correr".

Ontem, Francisco Assis pediu um "esclarecimento cabal" do assunto, porque, "a ser verdade", seria uma situação de "gravidade tal" que se recusa a admitir que "isso pudesse ter acontecido": "Configuraria uma intromissão abusiva na vida privada de um cidadão português."

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