Pavilhões do parque das Caldas da Rainha isolados devido a risco de ruína

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Estas construções do século XIX nunca serviram o seu objectivo inicial, dar apoio às termas DR

Durante mais de 100 anos estes pavilhões serviram para albergar um quartel militar, uma esquadra da polícia, uma escola secundária que também foi sede de associações, mas nunca tiveram com a realidade termal outra relação que não fosse o seu enquadramento paisagístico em frente ao lago do Parque D. Carlos I, construído também na mesma altura para servir de apoio às termas.

Os postais ilustrados retratam os pavilhões ao longo de décadas como um verdadeiro ícone da cidade, ao lado do antigo casino, dos balneários e do hospital termal mais antigo do mundo. Mas sucessivas gerações revelaram-se incapazes de concretizar um projecto termal e os pavilhões do parque acabaram por se deteriorar.

Um relatório do gabinete de Planeamento do Centro Hospitalar Oeste Norte, que tutela este património, diz que os pavilhões do parque apresentam "gravíssimos problemas estruturais, correndo o risco de ruir em vários pontos". O documento a que o PÚBLICO teve acesso propõe uma intervenção estrutural "que não condicione qualquer utilização futura mas que garanta a estabilidade do edifício durante mais 100 anos".

O não condicionar qualquer utilização futura deve-se aos vários destinos que já foram apontados para aquele edifício no passado recente. Hotel termal de cinco estrelas, centro de reumatologia e medicina termal, spa com ginásios foram alguns dos projectos propostos, o mais mediático dos quais teve lugar no segundo Governo de Guterres (1999-2001) quando a então ministra da Saúde, Manuela Arcanjo, travou uma fundação proposta pela sua antecessora Maria de Belém Roseira.

A ideia era repartir o património do Centro Hospitalar em quatro entidades sob a égide de uma Fundação Rainha D. Leonor. O projecto coincidiu no tempo com o escândalo da Fundação Para a Prevenção e Segurança, de Armando Vara, então secretário de Estado da Administração Interna, que acabaria por se demitir, e as fundações passaram a ser olhadas com suspeição. A das Caldas da Rainha, que iria beneficiar de fundos comunitários a fim de catapultar a cidade para o termalismo do séc. XXI, morreu à nascença.

Os pavilhões do parque continuaram a ser apenas um ex-líbris e a degradarem-se lentamente. Agora têm uma rede protectora, para evitar que as pessoas se aproximem demasiado, arriscando serem atingidas em caso de queda.

O Centro Hospitalar tem constituído nas Caldas da Rainha um quase segundo município, tal é a importância do seu património na cidade. Desde logo a começar pela Hospital Termal, fundado em 1485 pela Rainha D. Leonor e já nessa altura com uma vocação assistencial, destinado a cuidar dos mais pobres. É este equipamento que está na origem da localidade, que então pertencia aos domínios de Óbidos.

Pulmão da cidade

A mata em torno do hospital e do Parque D. Carlos I está para as Caldas da Rainha como o "pulmão" de Monsanto está para Lisboa. Encostada à cidade, tem servido de tampão aos apetites imobiliários.

A mata guarda no seu subsolo as preciosas reservas de água termal que alimentam o hospital, havendo em quantidade suficiente para fornecer hotéis e spas se para tal houvesse projectos. Historicamente, a administração do centro hospitalar e a câmara municipal nunca se deram bem. O Ministério da Saúde tutela os monumentos e territórios mais emblemáticos da cidade. São dezenas de edifícios, além de terrenos, igrejas, um palácio, uma mata, um pinhal e o famoso Parque D. Carlos I, onde pontificam os pavilhões do parque.

E sendo certo que, à míngua de manutenção e de investimento, a zona histórica não está muito bem cuidada, pelo menos também não foi descaracterizada como o tem sido o resto da cidade sob tutela do município.

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