M de Mulher Multifunções

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Luísa Ferreira e Raquel Figueiredo Foto: Pedro Cunha

"É um projecto de mulheres para mulheres que precisam", começa por explicar a equipa cem por cento feminina da Super-M. "Identificamo-nos com os 80 por cento das mulheres portuguesas que têm uma actividade profissional intensa e que sentem que o dia não chega para tudo", entre filhos, pais, jantares, limpezas ou reuniões da escola, conta Luísa Ferreira, de 41 anos. A socióloga define o conceito do projecto como uma rede de apoio às famílias. "As mulheres dividem-se cada vez mais em múltiplas personagens ao longo do dia: profissionais dedicadas, mães extremosas, taxistas de filhos, cozinheiras, professoras de apoio, etc." Vários serviços vão ser disponibilizados pela Super-M, como limpezas domésticas, assistência a crianças, a idosos, a grávidas, e até a animais domésticos. E a mãe de família poderá ter mais tempo "para os filhos, para o marido e para ela".

A rede funcionaria numa dupla plataforma online: uma base de dados de "mulheres que precisam destes apoios" e outra de "mulheres que querem trabalhar e disponibilizar estes apoios". A Super-M também se propõe ajudar a combater o desemprego feminino no país porque cria uma "bolsa de emprego local". "Queremos mudar o país, em particular a condição da mulher em Portugal", numa resposta às necessidades sociais, tal como pede a iniciativa Faz - Ideias de Origem Portuguesa.

Esta equipa, constituída por quatro amigas (Luísa Ferreira, Valérie Ferreira, Raquel Figueiredo e Lurdes Sousa), teve conhecimento da iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Talento via Internet. Foi devido à condição do concurso - que pedia uma pessoa portuguesa que não residisse em território nacional, no caso, Valérie, uma médica de 40 anos a morar em França - que se lembraram deste projecto, que há muito germinava entre elas. Esta condição prende-se com o objectivo das fundações em fomentar a colaboração e o diálogo entre os portugueses da diáspora e os que residem em território nacional. Raquel Figueiredo, psicóloga de 35 anos, realça que "é uma solução para mulheres que não são ricas e não têm possibilidades de contratar uma "ama" permanente ou uma governanta". Embora seja um trabalho pago, "os salários serão combinados entre quem pede o serviço e quem o dá", sem intervanção da Super-M.

A Super-M vai apostar na contratação de mulheres disponíveis para trabalhar a partir dos 45 anos, "pessoas experientes, que sabem o quão importante é ter um emprego e que já sabem tomar conta de famílias com crianças", justifica Raquel. Assim, consegue-se juntar duas vertentes, uma para a economia nacional, outra para o bem-estar das famílias portuguesas, "a reintrodução destas mulheres no mercado de trabalho".

O prémio de 50 mil euros dado conjuntamente pelas duas fundações e consequente acompanhamento do projecto em fase embrionária é aliciante. "A selecção entre as dez melhores ideias já foi uma vitória e um orgulho desmedido."A preparação para o lançamento do projecto, da teoria para a prática, patrocinado pelo Instituto de Empreendedorismo Social (IES), foi de uma "enorme ajuda". Infelizmente, apenas duas "supermulheres" puderam estar nas aulas de empreendedorismo e inovação social dadas pelo IES no início do mês passado. Valérie e Lurdes Sousa (41 anos, gestora) não marcaram presença no boot camp por razões profissionais e pessoais. Mesmo com estas baixas, Luísa e Raquel querem "sair daqui com tudo prontinho" para conseguirem "montar esta empresa de apoio". No caso de não ganhar o prémio final, a Super-M vai tentar conseguir financiamento em investidores, câmaras municipais, apoios locais, "de qualquer forma para desenvolver a ideia", resumem, porque, tendo os apoios suficientes, acreditam no sucesso do projecto.

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