Ben Ali condenado a mais 15 anos de prisão
O antigo presidente tunisino Ben Ali, deposto em Janeiro após vários dias de protestos contra o seu regime, foi condenado a 15 anos de prisão por posse ilegal de armas, drogas e peças arqueológicas.
No mês passado o ex-presidente tunisino, que esteve no poder por mais de 20 anos, e a sua mulher, Leila, já tinham sido condenados a 35 anos de prisão por fraude e apropriação indevida de fundos estatais. Ontem, e no âmbito do caso conhecido por "Palácio de Cartago", o antigo ditador foi condenado a mais 15 anos de prisão e ao pagamento de 54 mil euros.
Ben Ali está actualmente na Arábia Saudita, por isso o julgamento realizou-se sem a sua presença. Os juízes decretaram dez anos de detenção por posse de estupefacientes, mais cinco anos por posse de armas e seis meses por detenção ilegal de peças arqueológicas.
O julgamento prolongou-se por seis horas e a sentença foi contestada pelo seu advogado, Hosni Beji, que considerou "irracional" a acusação de posse de drogas e armas. "Como é que podemos imaginar que um presidente no poder tenha dois quilos de cannabis com a intenção de vender?", questionou, citado pela AFP. Quanto às armas, que foram encontradas no palácio de Ben Ali, o advogado defendeu que foram oferecidas por líderes estrangeiros.
Na sala do tribunal os advogados do antigo ditador ouviram gritar: "Saiam daqui, vocês estão a trair a Tunísia ao defender Ben Ali. Deviam ter defendido os jovens que foram mortos". O ditador ainda será julgado em tribunal militar pela morte de cerca de 300 manifestantes nos protestos que começaram a 17 de Dezembro e levaram à sua fuga para a Arábia Saudita.