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Flama iça bandeiras e exige independência da Madeira

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Bandeiras da Flama e da Madeira

Acção da Frente de Libertação do Arquipélago da Madeira coincide com novas ameaças de Alberto João Jardim a Lisboa

Bandeiras da Frente de Libertação do Arquipélago da Madeira (Flama) surgiram ontem de manhã em vários locais do Funchal e da ilha. Esta acção, que ocorreu no dia em que a Madeira celebra o Dia da Região, assinalado com feriado regional, foi acompanhada pela divulgação de um comunicado atribuído àquele movimento separatista em que este volta a defender a independência do arquipélago.

"Hoje, 1 de Julho de 2011, dia daquela autonomia que não merece festejos, os madeirenses despertaram com o seu arquipélago engalanado com a sua bandeira e, passados 35 anos, é uma boa altura para reflectir sobre o que a FLAMA sempre propôs e muitos aceitaram de braços abertos e outros tiveram dúvidas", diz o comunicado enviado à comunicação social.

"Se os comunistas num país livre podem actuar à vontade, por que é que a Flama não pode actuar à vontade?", comentou o presidente do governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, questionado sobre esta iniciativa que coincidiu com as suas novas ameaças ao Governo de Passos Coelho. "A partir do momento em que há casamentos gays, por que razão não pode haver pessoas que pensem a favor da independência?", alegou o também membro do Conselho de Estado, acrescentando que, pelo código penal, isso "não é proibido". "Só não podem actuar por meios violentos e ilegais em defesa da independência", frisou.

Segundo defendeu ontem Jardim, antes da cerimónia oficial de atribuição de insígnias a personalidades regionais, "o referendo [sobre a independência] é um caminho possível se o Estado português persistir na concepção de Estado Unitário e não der à Madeira, no quadro de unidade nacional, os poderes autonómicos que nós, neste momento, necessitamos". E advertiu: "Agora é preciso Lisboa tomar cuidado. Pois se continuar numa posição colonialista, obviamente que Lisboa se arrisca ao crescimento do movimento independentista". No entanto, "nas presentes dificuldades económicas europeias e na necessidade que temos de estar na UE monetária", Jardim admite que a independência "não seria a evolução aconselhável para o povo madeirense".

Na última edição do Madeira Livre, mensário do PSD regional, o líder madeirense deixou algumas ameaças ao novo primeiro-ministro. Anunciando que vai "rapidamente fazer o PSD nacional cumprir os seus compromissos eleitorais com a Zona Franca", Jardim ameaçou o Governo de Passos Coelho: "Se a República nos negar direitos que são indiscutíveis, então temos de assumir a coragem para pensar em caminhos futuros diferentes".

Acções atribuídas à Flama têm surgido sempre que a Madeira atravessa maiores dificuldades, quer políticas, sobretudo quando está em causa o reforço de poderes regionais em momentos de revisão constitucional, quer financeiras, em períodos de falta de liquidez regional ou de negociações de transferências financeiras do Estado, que esta semana estão na agenda das reuniões em Lisboa entre membros do governo regional e do novo executivo da República.

Ao movimento separatista tem sido atribuída a autoria de quase uma centena de atentados bombistas, perpetrados ente 1975 e 1978, ano em que Jardim ascendeu à presidência do governo regional.

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