Sammy Jo de Nova Iorque para o Arraial Pride em Lisboa

Foto
O lisboeta Terreiro do Paço teve um dia de festa Pedro Cunha

Há uma tenda do clube Boys Just Wanna Have Fun, que tem uma equipa de râguebi composta maioritariamente por homossexuais; outra onde uma agência de viagens promove “férias pride” ao “melhor preço garantido”. E outra a que chamaram “arraialito” – um espaço com carpete cor-de-relva e pufes coloridos. Era nesta última que, esta tarde, um grupo de crianças ouvia histórias infantis lidas em voz alta. Como esta que acaba com uma canção: “Por quem me apaixonarei? Não sei, não sei. Pela Marta ou pelo André? Não sei, não sei.” É o Arraial Pride, no Terreiro do Paço, em Lisboa.

Há 15 anos que esta festa faz parte do programa oficial das Festas de Lisboa. E esta tarde o presidente da câmara municipal, António Costa, foi marcar presença. Disse que o arraial organizado com a Ilga – Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero (LGBT) é “um marco importante”, porque “a diversidade enriquece uma cidade”. E, enquanto dizia isto, atrás de si, um grupo mais acalorado, com uma bandeira com as cores do arco-íris, símbolo do movimento LGBT, atirava-se ao rio Tejo. E nadava.

A abertura do palco estava prevista para as 20h30. E a estrela é o DJ Sammy Jo, dos Scissor Sisters – que, segundo Paulo Côrte-Real, da direcção da Ilga, deve estar especialmente inspirado, tendo em conta que vem de Nova Iorque onde acaba de ser aprovada “a igualdade do casamento entre pessoas do mesmo sexo”.

Mas durante a tarde não se falou só de celebração. Para Paulo Côrte-Real a tenda do “arraialito” tem um significado especial: dirigia-se às crianças, e são elas que estão no centro de algumas das reivindicações actuais da Ilga. Um ano depois da aprovação do casamento gay em Portugal – e com uma média de mais de um casamento por dia a celebrar-se no país –, “a parentalidade, da perfilhação à adopção, e a procriação medicamente assistida são uma prioridade”.

Sem grande expectativa de que o Governo venha a incluir no seu programa a possibilidade de os casais de pessoas do mesmo sexo poderem adoptar, Côrte-Real diz que “não é possível ignorar as famílias que já existem”, como as que hoje visitavam o “arraialito”. E deu um exemplo: imagine-se um casal de duas mulheres; a mãe biológica morre, o papel da que sobrevive, na vida da criança, não é de todo reconhecido. “São os direitos das crianças que estão em causa”, diz Côrte-Real.

Sugerir correcção
Comentar