Torne-se perito

Mário Draghi sucede a Trichet, França assegura lugar no conselho executivo do BCE

Sarkozy exigiu saída do actual membro italiano no Banco Central

Só depois de o seu compatriota Lorenzo Bini Smaghi ter aceite deixar no final do ano o seu lugar no Conselho de Governadores, para que a França possa ficar representada, é que o italiano Mário Draghi garantiu ontem a nomeação para o cargo de presidente do Banco Central Europeu, substituindo Jean-Claude Trichet.

"Super Mário", como por vezes é alcunhado, actual governador do Banco de Itália, vai tomar as rédeas da política monetária europeia num momento crítico para a zona euro, ameaçada directamente pela crise da dívida da Grécia. O presidente da UE, Herman Van Rompuy, anunciou a decisão e disse que assumirá funções a 1 de Novembro.

A formalização da sua nomeação estava prevista para quinta-feira à noite, mas por pressão da França foi adiada para ontem, de modo que ficasse assegurado que o actual membro italiano do órgão executivo do banco, Bini Smaghi, sairá para dar lugar a um francês, para que a França não ficasse sem ninguém neste órgão após o abandono de Trichet, uma pretensão que o Presidente Nicolas Sarkozy tinha manifestado.

O primeiro-ministro italiano, Sílvio Berlusconi, disse, numa fase inicial, que tinha pedido a Smaghi para sair antecipadamente, mas que este se mostrara relutante. Estatutariamente, nada obrigava a que este saísse, uma vez que o seu mandato se prolonga até 2013 e está protegido pelo estatuto de independência do BCE face ao poder político.

Mas, como acabou por confirmar ontem a chanceler alemã, Angela Merkel, numa "conversa telefónica" com Herman Van Rompuy e com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, durante a cimeira europeia de Bruxelas, Smaghi cedeu e comprometeu-se a sair no final do ano.

O mandato dos membros do BCE está protegido pelo seu estatuto. Os membros do conselho executivo do banco, onde se inclui actualmente Vítor Constâncio, devem ser escolhidos pelo mérito e qualificações. No entanto, desde a criação do BCE, sempre foram assegurados lugares para as maiores potências da zona euro.

"Houve muita agitação para encontrar uma solução e ter uma saída por cima", explicou ontem um diplomata à agência France Press. Paulo Miguel Madeira

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