Câmara do Porto corta apoio financeiro aos bombeiros voluntários da cidade
Subsídio anual de 37.500 euros era atribuído a cada uma das associações de voluntários. Vereador Sampaio Pimentel diz que a execução dos contratos não era satisfatória
A Câmara do Porto decidiu não renovar o contrato de prestação de serviços com os Bombeiros Voluntários do Porto (BVP) e com os Bombeiros Voluntários Portuenses, que permitia a cada uma das associações receber um apoio anual de 37.500 euros. Segundo o vereador da Protecção Civil, Sampaio Pimentel, a decisão de não renovar o contrato decorre do facto de as associações "não atingirem os patamares" contratados. Os responsáveis das duas associações garantem que o corte terá consequências graves.
O assunto chegou à reunião do executivo pela voz do presidente dos BVP, Jaime Madureira, que lamentou "a ingratidão" de que está a ser alvo, lembrando a sua condição de "apoiante desde a primeira hora do dr. Rui Rio e militante do PSD". Na resposta, Sampaio Pimentel explicou que os subsídios atribuídos aos BVP e aos Portuenses foram transformados em pagamentos por contratos de prestação de serviços, a partir de 2006, ficando definido que as duas associações "fariam actividade complementar", ficando o Batalhão de Sapadores Bombeiros (BSB) com "a actividade operacional". Os resultados não agradaram ao responsável autárquico pela Protecção Civil. "Nestes anos, fomos analisando as várias execuções de contratos e nunca fiquei verdadeiramente satisfeito", disse Pimentel, acrescentando: "Quer os BVP quer os Portuenses não conseguiram atingir os patamares. Nessa perspectiva, não renovamos o contrato nem com uns nem com outros".
Jaime Madureira disse aos jornalistas que a ausência dos 37.500 euros no orçamento anual dos BVP, a rondar os 200 mil euros, irá fazer diferença. "Vamos já deixar de apoiar os milhares de peregrinos de Santiago de Compostela a quem oferecíamos dormida ao longo do ano", disse. O líder dos BVP contestou os resultados negativos apontados pelo vereador, afirmando: "Se nos pedirem uma intervenção com auto-escada, nós não vamos cumprir esse objectivo porque não temos nenhuma." O responsável garantiu ainda que a associação "tem aumentado as saídas, a pedido do próprio BSB".
Posição idêntica tem o presidente dos Portuenses, Carlos Pereira, que mantém a esperança "que a câmara reveja a decisão", uma vez que, defende, "vai trazer graves problemas ao socorro". Para os Portuenses, o corte da verba poderá significar o despedimento de pessoal. "Teremos de cortar bastante e pôr em causa alguns postos de trabalho. Temos 25 funcionários e a maior parte faz serviço porque não poderíamos fazer o socorro diurno apoiado apenas em voluntários", diz.
Carlos Pereira acrescenta que o corte do apoio também poderá pôr em causa, este ano, a compra de "casacos, capacetes e fatos de combate a incêndio". "Actuamos em toda a zona ocidental da cidade. Será incompreensível que um acidente na VCI ou um incêndio na zona industrial não saia a corporação que está a 50 metros. A câmara entendeu que o BSB sozinho consegue resolver os problemas todos e não consegue", avisa.