Passeio marítimo e Avenida de Montevideu declarados "conjunto de interesse público"

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Portaria também abrange moradias e o conjunto de rochas da zona que já são "património natural" paulo pimenta

O pedido de classificação foi apresentado pela Junta de Freguesia de Nevogilde já "há cinco ou seis anos", segundo recorda o autarca local, o social-democrata João Luís Roseira

O passeio marítimo de Nevogilde e a Avenida de Montevideu, no Porto, foram classificados como "conjunto de interesse público" pelo Ministério da Cultura. O pedido de classificação foi feito pela Junta de Freguesia de Nevogilde "há cinco ou seis anos", como recorda o autarca local, o social-democrata João Luís Roseira. O presidente da junta diz-se "muito satisfeito" com a decisão publicada em Diário da República no passado dia 6 de Junho.

De acordo com a portaria correspondente, a classificação integra "a avenida, o passeio marítimo, as moradias que constituem a frente urbana e toda a orla marítima, incluindo o "conjunto de rochas metamórficas da foz do Douro" com elevado interesse geológico e classificado como património natural". Todo o espaço deverá, por isso, ser "objecto de especial protecção".

João Luís Roseira lamenta que a classificação não tenha surgido antes das intervenções da Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura, "porque, assim, não se tinham destruído os jardins de Montevideu", mas recebeu a notícia com satisfação. "Tivemos várias lutas naquela zona com construções que podiam fazer perigar [a harmonia local]. Fico muito satisfeito. É uma zona a preservar e foi com o maior orgulho que recebi a notícia da classificação", diz ao PÚBLICO.

A portaria do gabinete do secretário de Estado da Cultura indica que o conjunto classificado se insere "num amplo movimento de expansão entre meados do século XIX e meados do século XX, que urbanizou a área rural entre a Foz Velha e a Circunvalação, tornando-a um espaço habitacional de prestígio e um espaço de eleição para fins lúdicos, até aos nossos dias". A curta descrição do es-paço refere ainda que o passeio ma-rítimo surge da concretização de projectos "das décadas de 30 e 40 do século XX e segue o modelo das promenades europeias de inspiração romântica, constituindo um exemplar de grande escala e qualidade dentro desta tipologia". Para complementar a justificação pela relevância dado ao conjunto, a Secretaria de Estado indica ainda que "a zona de esplanadas permanece muito próxima da matriz original, e os jardins públicos, de influência francesa, são um património raro e com elevado interesse estético e social". Já as moradias, "grande parte rodeadas por jardim", representam "as principais tendências e linguagens arquitectónicas portuenses da tipologia habitacional entre o final do século XIX e meados do século XX e resultam de projectos de figuras destacadas da arquitectura e engenharia nacional, sendo possível reconhecer neste conjunto valor arquitectónico, urbanístico, histórico e social".

A par da classificação do conjunto, é estabelecida a zona especial de protecção (ZEP) que, neste caso, "é coincidente" com a do Castelo do Queijo, classificado como monumento de interesse público em 1961. A ZEP tem como função "salvaguardar o contexto que estabelece com a área classificada uma relação importante do ponto de vista interpretativo e paisagístico".

A Portaria n.º 574/2011 classifica ainda como conjuntos de interesse público a igreja paroquial, adro e cemitério de Meijinhos (Lamego), o núcleo intramuros de Serpa, no Alentejo, e o núcleo histórico pombalino de Vila Real de Santo António, no Algarve.

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