Grande ofensiva lealista em Misurata
A acompanhar esta acção, Khadafi fez ontem uma declaração via rádio ao país em que prometeu derrotar a NATO. A Aliança Atlântica realiza raides aéreos contra as posições do coronel e passou mais uma vez sobre Trípoli, a capital do país onde houve dois grandes rebentamentos.
A Líbia vive uma guerra civil entre Khadafi e as suas tropas e as forças armadas da oposição que querem afastá-lo do poder. Misurata é considerada a fronteira entre o território do coronel no poder há 41 anos, o ocidente da Líbia, e a região oriental na sua maioria dominada pela oposição.
Pelo menos dez pessoas morreram, segundo os enviados da Reuters, e 40 ficaram feridas. A ofensiva visa enfraquecer as forças da oposição que, nos últimos dias, abriram três frentes de acesso a Damasco, mantendo posições a 120 e 190 quilómetros daquela cidade.
Violentos combates decorrem também junto à cidade de Zlitan. A equipa da Reuters em Dafniya, nos arredores de Misurata (nas mãos dos rebeldes), descreveram que há troca de fogo de artilharia, com ambas as partes a dispararem rockets Grad.
A Reuters obteve a indicação de que a oposição esperava um reforço de armamento - munições e tanques - e que desejava tomar aquela cidade junto à auto-estrada para Damasco ainda nesta sexta-feira, mas que estavam a ser confrontados pelo amadorismo dos seus homens, sem treino profissional a maior parte deles. "Tínhamos uma estratégia, mas alguns dos combatentes pensam que isto é um jogo. Dispararam quando não deviam e deitaram tudo a perder" disse o comandante de uma unidade do Conselho Nacional Líbio (a oposição já reconhecida por vários países europeus), Mohammed Ali.
Zlitan fica a apenas 160 quilómetros de Trípoli e é a maior cidade líbia na costa mediterrânica, depois da capital. Capturá-la - na verdade não pretendem entrar na cidade para não ferir as sensibilidade tribais, como disseram responsáveis à Reuters - seria uma grande vitória para as forças do Conselho.
No campo político, a "entourage" de Khadafi está a mostrar sinais de descordenação. O seu filho mais velho, Saif al-Islam, disse há dias ao jornal italiano "Corriere della Sera" que o pai está disponível para se submeter a eleições e para se afastar, caso perca. O primeiro-ministro, Al-Baghdadi Ali Al-Mahmoudi, como que afastou essa hipótese dizendo que um "referendo" não está nas preocupações do líder da revolução", ou seja Khadafi.
Entretanto, a Rússia assumiu um papel de negociador no conflito, enviando representantes ao Conselho Nacional Líbio, a oposição sediada em Bengasi. Mikhail Margelov, enviado especial para África do Presidente Dmitri Medvedev, revelou que as duas partes (homens de Khadafi e da oposição) se tinham reunido na Noruega e noutros países europeus, o que não foi confirmado por qualquer das partes. Margelov disse ainda que uma solução para esta guerra civil que passe pelo afastamento unilateral de Muammar Khadafi, que é o chefe de Estado, significará "pisar a linha vermelha".
Notícia actualizada às 17h50