Cinco ateliers portugueses na final de prémio ibérico

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Bar do Jardim 9 de Abril, Lisboa Fernando Guerra

Souto de Moura foi elogiado por Barack Obama, na entrega do Prémio Pritzker, mas há outros portugueses que merecem atenção internacional

O pavilhão de acolhimento da Escola Francesa do Porto, de Nuno Valentim e Frederico Eça, e a Casa das Caldeiras/Centro de Estudos Artísticos da Faculdade de Letras de Coimbra, de João Mendes Ribeiro e Cristina Guedes, estão entre os 45 projectos seleccionados para disputarem a edição de 2011 do Prémio Enor de Arquitectura. Aquelas obras aparecem numa lista da qual constam mais quatro projectos de três ateliers portugueses: o bar do Jardim 9 de Abril, em Lisboa, de Magalhães Pavia e Nuno Sousa; dois conjuntos de habitações unifamiliares do Bom Sucesso, em Óbidos, de Nuno Graça Moura, e a Casa de Melides, em Grândola, de Pedro Reis.

O Prémio Enor de Arquitectura é um importante galardão ibérico promovido pela empresa espanhola de elevadores, que distinguiu ex aequo, na edição de 2006, o projecto do Metro do Porto, de Eduardo Souto de Moura, e o Centro Cultural e de Artes de Sines, de Manuel e Francisco Aires Mateus. O prémio deste ano será entregue a 14 de Novembro, em Vigo.

Na lista de finalistas consta todo o tipo de projectos, desde um parque de arte rupestre a ginásio, bares, espaços culturais e habitações. O projecto da Casa das Caldeiras, resultante da reconversão da antiga central térmica dos Hospitais da Universidade de Coimbra, tinha já sido seleccionado para um outro prémio ibérico, o da associação catalã Fomento das Artes e do Desenho, uma referência ao nível da arquitectura e do design na Península Ibérica. A intervenção acabou por ficar fora da lista dos 34 finalistas, entre os quais se contam o Lar de Idosos de Alcácer do Sal, de Manuel e Francisco Aires Mateus, e o projecto de duas casas na Rua de Saraiva de Carvalho, em Lisboa, de Ricardo Bak Gordon. Da lista de nomeados para o prémio da fundação catalã constava ainda um outro projecto (a Casa Lina, na Rua de Diu, no Porto) do gabinete de Nuno Valentim, arquitecto responsável pela recente reabilitação do Palacete Andresen do Jardim Botânico do Porto.

O arquitecto João Carrilho da Graça, que integra o júri do prémio Enor, considera a distinção como "a mais importante da Península Ibérica", no campo da arquitectura, para a qual os profissionais têm vindo a "dar cada vez mais atenção". Para além do valor pecuniário de 10 mil euros, para o grande prémio, serão ainda distinguidos, com 4000 euros cada, mais cinco categorias: arquitectura jovem, para profissionais até aos 40 anos, e obras das regiões de Galiza, Castela-Leão, Madrid e Portugal. Os 45 projectos finalistas serão incluídos no catálogo a publicar pela organização.

Menção honrosa emsite

Nuno Valentim, professor da Faculdade de Arquitectura do Porto, viu ainda o trabalho do seu gabinete distinguido pelo siteWorld Architecture News, merecendo uma menção honrosa nos prémios WAN 21 for 21 (21 arquitectos para o século XXI).

O júri destacou o "design arrojado" e o "fundamento conceptual" do trabalho praticado por este gabinete portuense de arquitectura e reabilitação, única presença portuguesa entre as duas dezenas de distinguidos.

O arquitecto confessou ao PÚBLICO ter ficado "surpreendido" com os termos utilizados pelo júri, ressalvando, na esteira de Eduardo Souto de Moura, que os adjectivos são sempre, de algum modo, "um desvio da questão central, que é produzir boa arquitectura". "Ficámos, isso sim, impressionados com o facto de termos merecido uma menção honrosa, mesmo se se trata de um prémio com menor divulgação, uma vez que distingue menos uma obra do que a produção de um gabinete de arquitectura", disse Nuno Valentim.

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