Sócrates encurtou discurso perante enchente no Porto

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Sócrates no meio da multidão hoje no Porto Miguel Manso

Depois de 20 minutos espremido entre os apoiantes que tomaram a rua de Santa Catarina, no Porto, o líder do PS subiu ao palco para exprimir a sua satisfação com o cenário de bandeiras e gritos de apoio: “Faz-me lembrar um velho slogan: quanto mais a luta aquece…” “Mais força tem o PS”, respondeu o povo.

Sócrates ensaiou depois o seu discurso de campanha. “Estamos a dois dias do fim da campanha eleitoral. O PS está nesta campanha para promover uma governação moderada, realista e responsável”, disse. E não pôde dizer mais porque o gerador que alimentava o sistema de som começou a fumegar e o microfone pifou.

Apesar do imprevisto, Sócrates ainda tentou dizer mais umas palavras, mas eram inaudíveis para a maioria dos apoiantes. “Não ouço”, gritava uma mulher. “Ele não pode falar mais alto. Mas fala sempre muito bem”, respondia outra, ao seu lado.

“Então ele já abalou?”, perguntava um homem, surpreendido com o fim abrupto da acção de campanha. “Ele também deve ir descansar. Ainda tem dois comícios logo à noite”, respondeu-lhe outro.

A arruada, que levou até àquela artéria do Porto, largos milhares de apoiantes decorreu sem incidentes. Ainda se temeu alguma tensão junto ao café Majestic, onde apoiantes do PSD aguardavam, sentados na esplanada, que o evento socialista terminasse para se juntarem à concentração dos sociais-democratas, que alguns minutos depois também desceram a mesma rua. “Viste-os? Esses aldrabões, sentados no Majestic, os chiquérrimos”, perguntava Maria Ferreira a uma amiga que encontrou na arruada.

Ao longo do trajecto, Sócrates, escoltado por seguranças, “jotinhas” e elementos da PSP, e rodeado por jornalistas, ainda conseguiu cumprimentar alguns apoiantes, mas dada a confusão cingiu-se praticamente a acenos, agradecimentos e, uma vez ou outra, um autógrafo para os corajosos que logravam furar a bolha.

Os gritos de “Sócrates amigo o povo está contigo”, “vitoria, vitória”, “o povo vai votar e o PS vai ganhar” e “só, só, só PS” abafaram alguns protestos à passagem da multidão. “Palhaços”, “aldrabão” e “mentiroso” foram alguns dos epítetos dirigidos contra o primeiro-ministro demissionário.

Linguagem bem mais “colorida” esteve reservada para os sociais-democratas, “esses ladrões ordinários”, “fascistas”, “garotos” e “provocantes”, segundo os apoiantes socialistas.

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