Goblin

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Os ritmos não são nada evidentes, contorcendo-se, amalgamando-se, por entre motivos de rap, camadas de ambiente ou jazz, conduzindo-nos por entre climas de paranóia, sublinhados pelas metáforas inquietantes. Quem entrar por aqui a partir do imaginário literário do rock mais adulto vai sentir-se necessariamente desiludido. Isto é outra coisa. Muitas vezes a linguagem é pura performance, "cartoon" de expressões que se diluem no seu próprio efeito incitador. Há impropérios para toda a gente, mas também, nas linhas do lado, momentos de introspecção, adensados pela voz grave que circula sobre uma base em câmara lenta de escassos elementos. Mais do que um disco de canções de balanço físico, é uma obra de ambiências, de texturas sonoras escurecidas, por onde perpassa uma instrumentação seca, que acaba por reforçar o ambiente de tensão constante da larga maioria das canções. Sim, há momentos de luz, até de algum envolvimento melódico, mas na maior parte do tempo o que temos são temas hostis, que não confortam, provocam. Relatos de piadas entre pares, estranhas fantasias, frustrações, às vezes simplesmente inócuas, outras desarmantes na sua frieza. É preciso querer entrar na cabeça de Tyler para sentir "Goblin". Se vale a pena? Claro. É toda uma experiência.

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