Kim Jong-il em Pequim para encontro com Presidente Hu Jintao
As deslocações ao estrangeiro de Kim só costumam ser publicamente confirmadas quando já terminaram, mas há vários dias que a imprensa tem noticiado movimentações que atribui ao “Querido Líder”. Segundo a agência sul-coreana Yonhap, o comboio pessoal de Kim atravessou a fronteira para o Nordeste da China na sexta-feira e esteve depois em Yangzhou e Nanquim (Este). O líder norte-coreano terá fobia a aviões e por isso usa os caminhos-de-ferro para as viagens maiores.
A Reuters adianta que depois de o comboio ter chegado à capital chinesa, uma coluna de carros dirigiu-se para o centro da cidade sob forte escolta policial. A comitiva saiu de seguida da pousada Diaoyutai para o Grande Palácio do Povo, o edifício do Parlamento chinês, ao lado Praça Tiananmen, onde os dignitários estrangeiros são frequentemente recebidos.
Esta será a terceira visita de Kim à China em apenas um ano – e a sétima da sua presidência, de acordo com o jornal sul-coreano Chosun Ilbo. A agência Yonhap, também da Coreia do Sul, adiantou que a deslocação a Pequim se deve “aparentemente a uma cimeira” com o Presidente Hu Jintao, que recebeu Kim nas duas últimas deslocações.
A Coreia do Norte está a enfrentar um período de escassez alimentar e a ajuda chinesa será importante. O Programa Alimentar Mundial, da ONU, acredita que seis milhões já estejam a passar fome.
Pyongyang não seguiu o modelo de reformas adoptado pelo regime chinês, cujos responsáveis terão levado Kim a parques industriais para mostrar os benefícios da abertura dos últimos 30 anos, comentou a BBC.
A China tem cada vez mais influência económica no país: as trocas comerciais aumentaram 32 por cento no ano passado, refere a AFP. Sobretudo depois de as sanções decretadas pela Coreia do Sul e vários países ocidentais cortarem a ajuda alimentar.
Este é um dos estados mais isolados do mundo, em parte devido ao desenvolvimento de um programa nuclear: estima-se que o regime terá plutónio suficiente para construir seis bombas atómicas. As negociações a seis sobre o programa nuclear norte-coreano estão congeladas desde 2009.
Haverá ainda outra razão para a nova visita de Kim, adiantam analistas. O líder norte-coreano quererá também ver garantido o apoio à eventual transferência de poder para o seu filho, Kim Jong-un.
“É pouco provável, mas não está fora de questão, que um líder estenda directamente a mão a outro para pedir auxílio financeiro”, comentou à Reuters Cai Jian, professor de estudos coreanos da Universidade Fudan, de Xangai. “Por isso, acho que o que ele pretende é mais um apoio diplomático e político, para lidar com a Coreia do Sul e com os EUA, por exemplo”.
Pequim vê Pyongyang como um tampão à influência norte-americana na região e daí que mantenha as suas relações com a Coreia do Norte. A China teme que uma morte de Kim Jong-il, com 69 anos e uma saúde frágil, possa desestabilizar o país, e daí também queira reforçar a sua aliança, adianta a Reuters. Uma crise poderia levar milhares de norte-coreanos a atravessar a fronteira.