Um recanto repleto de charme e sossego plantado na ilha da Madeira
Maria José Santana (texto) descobriu uma Madeira diferente ao alojar-se na Quinta Jardins do Lago, no Funchal. Um espaço que respira charme e que está imune às confusões habituais das grandes unidades hoteleiras
Se é uma dessas pessoas que associa a ilha da Madeira apenas a turismo de massas e a unidades hoteleiras repletas de turistas - para as quais muitos já não têm a mínima pachorra -, então, prepare-se para ser surpreendido, pela positiva, ao apostar numa escapada ou férias numa das quintas desta bela ilha. Foi o que comprovou a Fugas na Quinta da Jardins do Lago, bem próximo do centro do Funchal. Uma unidade hoteleira de charme, envolta em beleza e sossego, e onde não faltam motivos para o hóspede querer prolongar a sua estadia.
Afinal de contas, o frenesim da capital da ilha parece estar a milhas de distância e o interior da própria quinta consegue oferecer aos hóspedes o que a Madeira tem de melhor: os jardins únicos e a exposição ao sol. Também a gastronomia, é certo, mas isso fica para mais tarde, pois é impossível começar a descrever a Quinta dos Jardins do Lago sem ser pela sua maior riqueza, os extensos e magníficos jardins - estendidos ao longo de uma área de 2,5 hectares -, onde podemos encontrar exemplares raros de árvores centenárias e dezenas (se não centenas), de espécies de árvores e plantas. Algumas das quais, plantadas à volta do lago, que acabou por dar nome à quinta.
Se tiver a sorte de poder fazer uma visita aos jardins guiado pelo director da quinta, Duarte Silva, certamente que sentirá ainda mais a singularidade deste espaço verde. Em tom de brincadeira, Duarte Silva apresenta-se como o jardineiro mor da unidade hoteleira, mas, pelo carinho e dedicação com que fala de cada uma das plantas e flores - algumas trazidas até por clientes da quinta, a partir dos mais variados países e continentes -, o título até que não lhe fica nada mal. Cada planta e cada flor, encontra-se devidamente catalogada, permitindo que qualquer hóspede mais interessado em botânica se deixe perder entre o verde das plantas e o colorido das flores.
É também no espaço exterior desta quinta edificada em meados do século XVIII por uma família madeirense - mais tarde foi residência de uma família francesa e uma família inglesa - que encontramos um habitante privilegiado: o Colombo, um cágado gigante que goza desse estatuto invejável, há já 45 anos, de poder passear-se diariamente nos jardins da quinta, aproveitando ao máximo os raios de sol que costumam aquecer a ilha.
Um pouco mais à frente, e perfeitamente enquadrada neste ambiente de jardins tropicais encontra-se a piscina, aquecida e de amplas dimensões. Integrada num espaço que dispõe também de jacuzzi, banho turco, sauna e um pequeno ginásio, a piscina convida a longos momentos de descontracção, em contacto directo com a natureza e com uma vista fantástica para o mar.
Decoração de charme
Os espaços interiores da Quinta Jardins do Lago mantêm a traça de beleza e charme que caracterizam o seu exterior. E acima de tudo, fazem jus à longa história da quinta que, segundo reza a história, durante a ocupação da Madeira no período das guerras napoleónicas, serviu de residência ao general Beresford, comandante das forças inglesas. Testemunho da sua presença na quinta é um magnífico sideboard que ainda decora a sala de jantar do restaurante da quinta.
O restaurante "The Beresford" é, sem sombra de dúvida, um dos lugares de referência desta unidade hoteleira de cinco estrelas. Uma decoração elegante que combina na perfeição com a comida de qualidade e requinte ali servida. As ementas não descuram a cozinha tradicional madeirense - ainda que ofereçam uma enorme variedade de pratos de cozinha internacional -, como demonstram as entradas de "filetes de sardinha assada com ervas aromáticas" e de "carpaccio de atum da Madeira, temperado com poncha regional", ou os pratos principais de "espetada, bacon e banana assada" e "atum marinado em molho vilão".
Não menos elegantes e requintados são o bar da quinta, "O Visconde", no qual poderá contar, duas vezes por semana, com música ao vivo, e a sala de pequenos-almoços "Cor-de-Rosa", com vista sobre os jardins e uma varanda capaz de lhe proporcionar um excelente começo de dia, e na qual se encontra um painel de azulejos do século XVII. Outro dos bares da quinta funciona junto à piscina, o "Colombo Bistro", e constitui o espaço ideal para desfrutar de refeições ligeiras ou bebidas refrescantes.
Descanso com vista para o mar
Cada um dos 40 quartos da Quinta Jardins do Lago, incluindo suítes e júnior suítes, surpreende pelo espaço amplo e, não menos importante, a magnífica vista para os jardins e para o mar. A decoração é exemplar, honrando a história da quinta e confirmando-a como unidade hoteleira de charme. A Fugas teve a oportunidade de ficar no melhor quarto da Quinta Jardins do Lago. Precisamente o mesmo onde já se instalou o actor irlandês Peter O"Toole, protagonista do filme Lawrence da Arábia, entre outros, durante quase um mês.
Assim que abrimos a porta da suíte presidencial, o quarto 303, fazemos fé no comentário que a funcionária da quinta havia transmitido ainda antes de proceder à entrega da chave: "Peter O"Toole ficou maravilhado com a estadia nesta suíte". E não é nada de estranhar que tal tenha acontecido. Quer o quarto, quer a sala ou a casa de banho, dispõem de uma imensidão de espaço pouco comum e um conforto que nos leva a querer assentar arraiais por ali por muito mais tempo - tal como fez Peter O"Toole. A suíte conta ainda com uma varanda ampla - com acesso directo a partir do quarto ou a partir da sala -, virada para o mar e para os jardins da quinta, o que torna quase que inevitável a sua fruição, quer seja de dia ou de noite.
Atendendo ao sossego da Quinta Jardins do Lago - o som que se escuta com maior insistência é, mesmo, o chilrear dos pássaros -, o mais provável é que, simplesmente, queira usufruir dessa paz e silêncio, deixando-se mergulhar numa escapada em que a palavra de ordem é relaxar. Ainda que o centro do Funchal esteja ali mesmo ao lado, a uns escassos 15 minutos a pé - no regresso pode levar mais algum tempo, por força da subida, pouco recomendada aos que possam estar em baixo de forma. A quinta também oferece transporte gratuito de ida e volta para o centro da cidade, quatro vezes por dia, nos cinco dias da semana.
A Fugas viajou a convite do Turismo da Madeira e das Quintas da Madeira