O que muda de fundamental com a referência a 1967?
A referência de Barack Obama às fronteiras de 1967, feita na véspera da reunião com Benjamin Netanyahu, provocou uma enorme discussão sobre o alcance da referência e o que significa de facto esta nova "visão" americana para o conflito.
A ironia, nota o diário britânico The Guardian, é que a maior parte da comunidade internacional aceitou já há muito tempo a ideia de que as linhas fronteiriças pré-1967 (ou seja, a chamada Linha Verde do armistício de 1948, antes da Guerra dos Seis Dias em que Israel conquistou a Cisjordânia, Gaza, Jerusalém Oriental e os Montes Golã) deveriam ser o ponto de partida para um acordo entre israelitas e palestinianos.
O diário norte-americano Washington Post notava mesmo, com um tom algo jocoso, que "para pessoas sem treino nas nuances da diplomacia do Médio Oriente, a frase pode parecer pouco notável". Mas, continuava o jornal na sua análise, "para muitos especialistas, representa uma alteração significativa na política norte-americana": primeiro, porque são palavras vindas do líder da América, e foi a primeira vez que um Presidente dos Estados Unidos falou explicitamente das fronteiras de 1967 como a base para um acordo, e ainda mais fê-lo não numa declaração improvisada mas sim num discurso cuidadosamente preparado.
Esta é, a partir de agora, a base da estratégia norte-americana, consideram analistas citados pelos media nacionais.
Mais: ao fazer esta referência, Obama dá como sua uma condição que era até agora vista como a posição palestiniana (a secretária de Estado Hillary Clinton tinha-se referido recentemente às fronteiras de 1967 como "um objectivo palestiniano").
"Por mais que se tente branquear, não se pode conseguir disfarçar o gosto amargo do remédio que Obama deu ao primeiro-ministro israelita", escreveu o jornalista Shimon Schiffer no diário israelita de grande circulação Yedioth Ahronoth.
"Obama olha Israel nos olhos e diz-lhe a verdade", escreveu por seu lado Ben Caspit, colunista do Ma"ariv. "Todos sabem qual é a solução, toda a gente conhece a fórmula. Israel pode por favor assinar aqui, aqui e aqui, e começar a pô-la em prática." M.J.G.