Deputado do PS que furtou gravadores processa revista Sábado
Acusado recentemente pelo Ministério Público de atentado à liberdade de imprensa, na sequência de uma queixa da Sábado, Ricardo Rodrigues alega que a publicação da entrevista violou os seus "direitos de personalidade", o "direito ao bom-nome e reputação", tendo "manifestamente ultrapassado o direito de informar".
Contactado ontem pelo PÚBLICO, o deputado recusou fazer declarações sobre o caso, alegando tratar-se de uma questão do foro privado. "Não faço declarações sobre as minhas acções privadas e não acho que isso tenha relevância pública. Trata-se de um assunto que compete aos tribunais resolver", declarou, afirmando que retirou a "imunidade parlamentar para tratar desse assunto de forma privada e não pública".
Foi com alguma surpresa que Maria Henrique Espada, que, com um colega seu, o entrevistou, recebeu a notícia que o deputado tinha processado a revista. "A entrevista foi precisamente há um ano e por isso acho surpreendente que o tenha feito agora. Não sei o que é que o motiva, mas é pelo menos surpreendente", disse a jornalista ao PÚBLICO.
O deputado admite que concedeu a entrevista sem colocar quaisquer condições relativamente aos temas a abordar. No entanto, ter-se-á sentido desconfortável com as perguntas efectuadas - que, do seu ponto de vista, terão levantado suspeitas sobre a sua idoneidade. Após a publicação, refere o parlamentar, voltou a "reviver toda a situação em que se viu envolvido em 2003" e "sentindo o mesmo embaraço e vergonha que então tinha sentido". Refira-se que nesse ano, Ricardo Rodrigues apresentou a sua demissão do governo regional dos Açores na sequência de rumores que circulavam na região sobre a sua alegada participação numa rede de pedofilia que ficou conhecida como o caso Farfalha. Na queixa refere ainda que foi "alvo de comentários na Assembleia da República por parte de membros dos partidos da oposição ao Governo que lhe fizeram notar que, se calhar, em virtude das suspeitas lançadas pelos jornalistas, não estava à altura de exercer as funções que exerce nas comissões parlamentares". Queixa-se também de ter sido "alvo de chacota pelo alegado facto de, tal como diz o artigo publicado, dar a entender ter estado durante toda a entrevista de olhos postos nos gravadores dos jornalistas, preparado para os retirar".