Djalmir, o homem dos golos históricos em Olhão
Depois de ter sido o herói da subida, o avançado brasileiro marcou o golo da manutenção pela segunda vez seguida. Dedicatória especial para Jorge Costa
Há pouco mais de uma década, Djalmir conciliava a carreira futebolística com o posto de cabo na tropa brasileira. Então, com 23 anos, estava longe de se imaginar como herói no futebol português e, particularmente, algarvio. Mas é isso que ele é em Olhão: o herói da subida à I Liga de Futebol após 34 anos de ausência e agora, pela segunda vez seguida, o marcador do golo que mantém o Olhanense no principal escalão do futebol nacional.
"Para mim, todos os golos são especiais, mas claro que este e o do ano passado [ao Leixões, na penútima jornada] são mais especiais, pelo significado que têm", disse ontem ao PÚBLICO Djalmir, falando sobre o cabeceamento certeiro no jogo de domingo com o Benfica, que deu o empate (1-1) e permitiu aos algarvios garantirem mais um ano na I Liga.
É certo que Djalmir está longe do registo de há dois anos (20 golos na II Liga), mas ainda assim é o melhor marcador da equipa na presente temporada (quatro remates certeiros em 20 encontros). Assim que meteu a bola na baliza do Benfica, perante a passividade dos defesas e do guarda-redes adversários, o brasileiro mostrou uma camisola com uma mensagem dirigida ao seu ex-treinador: "Volta Jorge Costa: o futebol precisa de ti."
"Passei dois anos muitos especiais com ele. O da subida e o da manutenção. Criou-se um ciclo de amizade. É uma pessoa de que eu gosto e era o o momento de agradecer tudo o que ele fez por mim", explicou Djalmir sobre o agradecimento a Jorge Costa, que se retirou do futebol a meio desta época por motivos pessoais.
O empate com o Benfica pôs fim à ansiedade do Olhanense, uma equipa que encantou no início da temporada e que caiu a pique na segunda metade da época. A formação de Daúto Faquirá não ganha um jogo há quase três meses e leva uma série de dez encontros sem vencer.
Djalmir tem várias explicações para esta quebra de rendimento. "O cansaço e as saídas de Jardel e Vinicius [um para o Benfica e outro para o Braga], que eram jogadores influentes, foram causas para não mantermos o nível exibicional", aponta o brasileiro, sem esquecer também as lesões que afectaram a equipa: "Chegámos a ter quase dez jogadores lesionados, o que não é normal".
Autor de muitos golos pelo Olhanense - "os jornais dizem que são 54, mas isso é só na Liga, porque também marquei nas Taças" -, Djalmir ainda tem mais um ano de contrato com o clube algarvio. No final da próxima temporada, avaliará se ainda tem forças para continuar nos relvados ou se é tempo de pensar em outras opções. Aos 35 anos, Djalmir ainda não pensou muito no que irá fazer quando encerrar o capítulo de futebolista, mas tem uma certeza: "Tenho vontade de voltar a estudar na área do desporto, mas por causa dos treinos ainda não tive hipótese. E claro que gostava de continuar ligado ao futebol", revelou o brasileiro, não escondendo o desejo de se manter no Olhanense, clube em que está há cinco temporadas, depois de passagens pelo Famalicão, Belenenses, Salgueiros e Feirense.
Nesse hipotético futuro no Olhanense, em que hoje é uma referência no balneário, Djalmir ainda não se vê inclinado para um cargo directivo ou para integrar a equipa técnica. "Vejo-me como alguém para ajudar, seja em que função for", responde o brasileiro, que aprendeu na carreira militar a colocar o colectivo acima do individual.