Só que, para o conseguir, os benfiquistas terão que ultrapassar um adversário que já viveu melhores dias (Paços de Ferreira), mas também que superar um estado emocional fragilizado pelos resultados recentes e um acréscimo de pressão motivado pelo protesto de alguns adeptos, ontem, antes da partida da comitiva "encarnada" para Coimbra.

Foram poucos mais de duas dezenas, mas criaram um grande mal-estar na comitiva benfiquista. Alguns adeptos do Benfica esperaram ontem pela saída do autocarro do clube para protestarem pelo momento negativo da equipa. Os incidentes aconteceram, quando o grupo de adeptos entrou no parque de estacionamento do Estádio da Luz e se aproximou do autocarro. Acabou por ser Rui Costa, director desportivo, a serenar os ânimos, embora algumas malas de jogadores tenham ficado danificadas. A polícia foi chamada ao local, mas quando chegou a situação estava resolvida.

Já em Coimbra, na conferência de imprensa de antevisão da final da Taça da Liga, Jorge Jesus comentou o incidente, afirmando que "o Benfica é um clube muito grande e tem adeptos em todo o lado". "A expressão de alguns adeptos descontentes fez-se sentir, mas conversei normalmente como faço sempre e não mais que isto." Pouco depois, foi a vez de Luisão dar a sua versão sobre o que se passou. O defesa diz que quando o Benfica não vence "o adepto mostra desagrado", mas refere que "houve sempre respeito", o que faz aumentar "a responsabilidade".

Antes de apontar agulhas para a final da Taça da Liga, Jesus foi ainda confrontado com a contestação às suas opções frente ao FC Porto. O técnico respondeu com ironia: "Depois de sair o totoloto, também acerto nos números. Fizemos cinco jogos com o FC Porto, o Aimar foi titular em três deles e não ganhámos nenhum. No que vencemos, não jogou."

E se contra o FC Porto a entrada de Aimar foi considerada tardia, hoje, contra o Paços de Ferreira, o argentino será titular. De fora vai continuar Gaitán, que "ainda não recuperou" de uma lesão. Frente aos pacenses Jesus reconhece que a sua equipa é favorita e diz que a "parte mais complicada será emocionalmente". "No ano passado, quando jogámos esta final, vínhamos de Marselha e tínhamos os níveis emocionais fortes. Mas o caminho é para a frente. Os jogadores do Benfica são experientes e já passaram por estas fases", referiu.

Já os pacenses agradecem o momento conturbado do rival. Muito mais tranquilo do que Jesus está Rui Vitória. Ao contrário do que aconteceu com os benfiquistas, a equipa de Paços de Ferreira partiu para Coimbra sob aplausos e incentivos dos adeptos e na terceira final da história do Paços existe uma forte confiança na vitória. O treinador dos pacenses admitiu que o Benfica é uma equipa "muito forte", mas quer "fazer um bom jogo e passar a mensagem de que as equipas pequenas sabem jogar futebol e têm espaço". Vitória quer "aproveitar o momento" e mostrou "ambição de levar o troféu para Paços de Ferreira".

O capitão da equipa, Filipe Anunciação, diz que a derrota dos "encarnados" com o FC Porto "pode trazer um acréscimo de pressão para os jogadores do Benfica" e não quer que haja da parte dos pacenses "diminuição" em relação ao adversário. "Vamos levar a taça para Paços", concluiu.