Depois dos "Lisboetas", os "cairotas", uns cairotas muito especiais e um cenário portentoso, aquela imensa - como chamar-lhe? - necrópole residencial, cemitério cruzado com condomínio fechado. Percebe-se bem o que mobiliza a câmara (e o microfone) de Sérgio Tréfaut: a paisagem humana e o manancial de histórias, memórias, que ela contêm.
É evidentemente interessante, até nas pontes que estabelece com uma "cultura tumular" muito própria do Egipto (e também pensamos num célebre mas pouco visto filme egípcio, "A Múmia", de Chadi Abdel Salam, sobre, justamente, um "povo dos túmulos"), mas teríamos gostado mais de um gesto mais abrangente, que fizesse da "cidade dos mortos" um protagonista e não apenas o cenário onde circulam os protagonistas. Seria precisa outra respiração, menos comprimida (a voz "off" sufoca um bocado o filme), e eventualmente outra duração, mais longa. Resumindo, ficamos a imaginar uma "expanded version" de "A Cidade dos Mortos".