Para a sua estreia na realização, William Monahan, argumentista do Oscarizado "The Departed" de Scorsese, insiste no policial e transplanta-se para o Sul de Londres com esta adaptação de um romance do irlandês Ken Bruen concebido como uma variação britânica sobre "O Crepúsculo dos Deuses".
A história de um criminoso saído da cadeia, disposto a reformar-se através de um emprego como "faz-tudo" de uma estrela de cinema reclusa mas encurralado por um passado que não o deixa em paz, já foi largamente explorada e Monahan não lhe adianta nada em termos narrativos. Mas o seu talento para o diálogo é admiravelmente servido por um elenco de primeira água que consegue até fazer milagres com personagens secundárias inexistentes (à excepção paradoxal de Keira Knightley, a quem o papel também pouco pede).
E a estilização formal e visual que explora, entre a cor local do Guy Ritchie dos princípios, a brisa "swinging sixties" de clássicos como "Um Golpe em Itália" e a brutalidade de filmes posteriores como "Get Carter" ou "A Sexta-Feira Mais Longa" chega para tornar "London Boulevard" em duas horas eficientes e descartáveis, mesmo que à partida a coisa prometesse muito mais do que é capaz de dar.