Chumbo do PEC e demissão de Sócrates penalizaram mais Passos Coelho
O anúncio do PEC IV pelo primeiro-ministro José Sócrates coincidiu com a subida de Pedro Passos Coelho nas sondagens, colocando o PSD à beira da maioria absoluta. Mas a ameaça de Sócrates em se demitir, caso o quarto pacote de austeridade fosse chumbado pela oposição na Assembleia da República (AR), mudou o cenário das intenções de voto e os sociais-democratas foram penalizados.
Passos Coelho continua na linha da frente, mas a maioria absoluta que pediu aos portugueses já esteve mais próxima, sobretudo após a demissão de Sócrates, e parece não ser possível, por enquanto, sem os votos do CDS. Os socialistas, que já estiveram menos bem cotados nas sondagens, ganharam algum fôlego depois da eleição presidencial.
A história das intenções de voto também se conta pelos actuais protagonistas da cena política. Cavaco Silva, Presidente eleito há pouco mais de dois meses, é o político que mais desce em termos de popularidade, em relação ao mês de Março. Passos Coelho ocupa a segunda posição no ranking das descidas e Sócrates só surge no terceiro lugar. Os líderes dos outros três partidos - Francisco Louçã, Jerónimo de Sousa e Paulo Portas - beneficiam em popularidade depois da queda do Governo.
Na sondagem mais recente, ontem divulgada, os sociais-democratas reúnem 37,3 por cento de intenções de voto. Sete pontos abaixo ficam os socialistas com 30,4, conforme o estudo da Eurosondagem, para a Renascença, SIC e Expresso. Estes números indicam que o PSD sobe relativamente ao mês passado e ao mesmo estudo, cerca de quatro décimas, enquanto o PS desce 0,2 pontos percentuais. O CDS mantém-se como a terceira força política que reúne mais intenções de voto e é o partido que regista a maior subida - 0,8 por cento -, ficando nos 10,7. Sem conseguirem chegar aos dez pontos percentuais, estão os bloquistas e os comunistas, respectivamente, com 7,7 e 8,4.
Mas o partido liderado por Passos Coelho já esteve mais confortável nos prognósticos. Se recuarmos ao momento político do PEC IV, embora antes da votação e consequente queda do Governo, o PSD estava mais perto da maioria absoluta, com 46,7 por cento das intenções de voto, enquanto o PS se ficava pelos 24,5, o valor mais baixo desde o início do ano, segundo o barómetro da Marktest de Março.
Os números revelados a semana passada, pela sondagem da Intercampus - a primeira pós a demissão do Governo -, continuavam a ser largamente favoráveis aos sociais-democratas, que se distanciavam em dez pontos dos socialistas, respectivamente com 42,2 e 32,8 por cento.
Assim, as duas sondagens mais recentes (Intercampus e Eurosondagem), ambas divulgadas após a demissão de José Sócrates, mostram que o PSD entra em queda relativamente aos resultados que obtinha antes do chumbo do PEC IV, por um lado, e ao anúncio da demissão de Sócrates, por outro. Se na primeira, divulgada na semana passada, a maioria absoluta estava menos distante (42,2), na segunda, revelada ontem, os 37,3 por cento não dão margem aos sociais-democratas para sonharem governar sem uma coligação com o partido de Paulo Portas, que passa a barreira psicológica dos 10 por cento.
Os mesmos números também mostram que o PS, que reelegeu Sócrates como secretário-geral faz hoje uma semana, vem subindo ligeiramente desde as últimas eleições presidenciais.
No início do ano, os números ditavam um intervalo entre PS e PSD na casa dos seis/sete pontos e Passos Coelho estava ainda mais longe da maioria absoluta, com 36,8 por cento, enquanto o PS se ficava pelos 30,8, segundo dados da Intercampus. Também a Eurosondagem era fiel a este intervalo e avançava com 37,4 para o PSD e 30,3 para o PS.
O BE, já depois de chumbada a moção de censura apresentada pelos bloquistas, conseguiu ser a terceira força política, chegando aos 8,9 por cento das intenções de voto, mas esse lugar só lhe coube no barómetro Marktest e após o anúncio do PEC IV. Essa posição pertence agora ao CDS de Paulo Portas, que é quem mais sobe.