Jimmy Carter de visita a Cuba para relançar diálogo com os EUA

Foto
Jimmy Carter foi recebido pelo chefe da diplomacia cubana ENRIQUE DE LA OSA/REUTERS

Antigo Presidente vai tentar negociar a libertação de cidadão norte-americano condenado a 15 anos de prisão por Havana

O antigo Presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter está em Cuba a convite do Governo de Havana, para uma visita de três dias que os analistas esperam permita reatar o diálogo entre os dois países, depois da tensão provocada pela prisão de um cidadão norte-americano pelo regime cubano.

Há duas semanas, um tribunal cubano condenou o americano Alan Gross, um consultor associado a um projecto da agência de apoio ao desenvolvimento USAid , a uma pena de 15 anos de prisão por "actos contra a independência e integridade territorial do Estado cubano".

O americano esteve detido sem qualquer acusação formal durante 15 meses; foi posteriormente julgado por importação ilegal de equipamento de telecomunicações, alegadamente com o objectivo de iniciar uma "ciberguerra" para desestabilizar a ilha.

A esperança na América é que Carter consiga negociar com o Governo cubano a libertação de Gross por razões humanitárias - como fez no ano passado, quando viajou até à Coreia do Norte para assegurar a libertação de um professor do Massachusetts condenado a oito anos de trabalhos forçados.

Ontem, Carter manteve contactos com vários líderes religiosos de Cuba: o cardeal Jaime Ortega, que esteve envolvido nas negociações para a libertação gradual de 75 presos políticos detidos desde 2003, e a presidente da comunidade judaica e da sinagoga Beth Shalom, Adela Dworin. Na agenda de hoje estão encontros com o Presidente Raúl Castro e outros líderes políticos.

Jimmy Carter é o único Presidente dos Estados Unidos a ter visitado a ilha depois da revolução que deu o poder a Fidel Castro, há mais de 50 anos. Em 2002, estivera em Havana também numa visita privada a convite de Fidel. Nessa ocasião, o antigo Presidente norte-americano, que foi prémio Nobel da Paz, criticou o embargo económico dos Estados Unidos a Cuba, mas também as violações dos direitos humanos e a supressão da democracia pelo regime castrista.

Como argumentava ontem o director da Freedom House, Matt Brady, no jornal Miami Herald, a intermediação de Carter poderá desbloquear o impasse nas relações entre os dois países. O analista destaca a abertura já manifestada pela Administração Obama para uma reaproximação a Cuba. Brady reconhece que os sinais enviados por Washington não foram repercutidos pelo regime em Havana, mas acredita que medidas recentes de Raúl Castro apontam para "o desejo de maior diálogo com os Estados Unidos". "Se Raúl Castro quer seriamente melhorar a relação bilateral, ele sabe que Obama é o seu melhor interlocutor."

Sugerir correcção