Putin ameaça mudar traçado de gasoduto para anular eventuais pressões da Turquia
A imprensa russa referira que Ancara estava a atrasar a assinatura de um acordo sobre o traçado do gasoduto nas águas territoriais turcas, no Mar Negro, para conseguirem preços mais favoráveis.
Com 3.600 quilómetros de extensão, o Corrente do Sul, apoiado pela russa Gazprom e a italiana ENI, deve fornecer gás russo à Europa Ocidental, designadamente à Grécia e à Itália, através do Mar Negro e dos Balcãs.
Ao visitar hoje a Eslovénia, Putin afirmou: “Não pensamos que exista qualquer ameaça dos nossos parceiros turcos sobre o projecto”.
Não obstante, em declarações feitas em Brdo Pri Kranju, perto de Ljubljana, Putin evocou a existência de alternativas ao traçado pelas águas turcas.
“Acreditamos que é possível liquefazer o gás e fornecê-lo na costa búlgara ou liquefazê-lo onde é extraído, na península de Iamal [no Árctico], e transportá-lo para o sudeste europeu para o colocar no gasoduto”, explicou.
O Corrente do Sul faz concorrência ao projecto paneuropeu Nabucco, que deve encaminhar o gás do Mar Cáspio para a Europa, sem passar por território russo a partir do fim de 2015.
Durante a visita de Putin, foi assinado um acordo bilateral entre a Gazprom e o operador esloveno Geoplin para preparar a construção do troço esloveno do gasoduto Corrente do Sul.
A Eslovénia concordara em 2009 em participar neste projecto.
Putin deslocar-se-á quarta-feira à Sérvia para abordar igualmente o dossier do gasoduto.
O primeiro-ministro russo também evocou o contencioso que opõe o seu país à União Europeia (UE) no domínio da energia.
Reiterando as suas ameaças de aumento do preço com a separação de actividades de produção e de transporte, que a UE pretende mas a Gazprom recusa por considerar que lhe é prejudicial, Putin adiantou que continua um “diálogo construtivo” com as autoridades europeias sobre o assunto.