Neve e frio dificultam operações de resgate no Japão

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A queda de neve dificulta o trabalho no terreno Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters

As temperaturas caíram para os 0ºC nas regiões de Iwate, Miyagi e Fukushima, as mais afectadas pelo tsunami, causado pelo sismo de magnitude 9 da passada sexta-feira. Mas, de acordo com o serviço meteorológico japonês, os termómetros podem baixar até aos 5ºC negativos.

Estas condições meteorológicas complicam o trabalho dos cerca de 80 mil soldados, polícias e socorristas japoneses, que estão a ser apoiados no terreno por numerosas equipas de especialistas estrangeiros. Hoje, o Governo decidiu enviar para o terreno dez mil soldados na reserva, que podem ser mobilizados para operações de resgate, revelou a agência de notícias Kyodo.

Acima de tudo, o frio torna mais difíceis as condições de vida das mais de 500 mil pessoas que perderam a casa ou que foram obrigadas a fugir do risco radioactivo, em Fukushima. Neste momento são 530 mil as pessoas que vivem em 2600 abrigos.

De acordo com dados divulgados hoje pela estação de televisão japonesa NHK, as Forças de Autodefesa do Japão (SDF, ou as Forças Armadas) já resgataram dos escombros 19 mil pessoas entre sexta e terça-feira. Por seu lado, o Ministério da Defesa informa que um total de 25.460 pessoas foram salvas pelas SDF, polícia, bombeiros e Guarda Costeira.

Mas à medida que o tempo passa, diminuem as probabilidades de encontrar sobreviventes. Os bombeiros e socorristas a trabalhar na cidade de Sendai, entre montes de destroços, encontram quase sempre corpos que envolvem em panos coloridos e alinham, no meio de uma paisagem cinzenta.

"O cheiro forte a morte e a água do mar estagnada tornam as buscas extremamente difíceis", contou à Reuters Yin Guanghui, membro da equipa de resgate chinesa na cidade de Ofunato, na província de Iwate. "Aqui, as hipóteses de sobrevivência, debaixo dos escombros, são quase nulas."

E agora, a neve fez diminuir ainda mais as esperanças. "A neve caiu e cobriu a zona como um manto. A visibilidade é de apenas 40 metros", contou Patrick Fuller, da Cruz Vermelha Internacional, em Otsuchi, cidade piscatória em Iwate. "As pessoas ainda estão a trabalhar, o Exército está no terreno. Mas os bombeiros foram-se embora porque depois não conseguiriam regressar à sua base por causa da neve", acrescentou à Reuters.

Em Rikuzentakata, na mesma província, equipas usam pás para limpar as ruas, cheias de destroços congelados com uma mistura de lama e neve. Mais de 80 por cento da cidade foi inundada, segundo o departamento dos bombeiros.

Cerca de 33 mil casas temporárias serão construídas

Tendo em conta o elevado número de pessoas que perderam a casa, as autoridades locais de Iwate, Miyagi e Fukushima já pediram à Associação dos Produtores e Fornecedores de Construção Prefabricada a construção de 32.800 casas temporárias.

Além disso, as regiões devastadas são confrontadas com a falta de água potável, de mantimentos e combustíveis e com os cortes de electricidade e de ligações telefónicas.

Em Sendai formam-se filas de pessoas que esperam, num cenário de neve, por água potável que chegou num camião. Cada pessoa só pode levar três litros. "Esperamos que dure o tempo suficiente", comentou um voluntário que ajudava a distribuir a água.

Os socorristas alertam que a sua principal preocupação é com os mais velhos, a maiora das pessoas que enchem os abrigos temporários. O responsável da Cruz Vermelha, Patrick Fuller, lembrou que os idosos "precisam de medicação regular e cuidados médicos especiais. Ainda assim, muitos dos problemas são psicológicos. As pessoas estão muito nervosas".

Para resolver o problema da falta de combustíveis, o município de Iwate pediu à indústria petrolífera para dar prioridade aos veículos de emergência, incluindo os da polícia, bombeiros e de distribuição de mantimentos. Em Miyagi está prestes a esgotar-se o combustível para vários crematórios, noticia a agência Kyodo.

Notícia actualizada às 11h42
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