Organizadores da manifestação de sábado propõem agora criar fóruns de debate para apresentar propostas concretas para a mudança social

A página na rede social Facebook criada para o protesto da Geração à Rasca desapareceu para dar origem a uma outra designada Fórum das Gerações 12/3 e o Futuro. Depois de cerca de 300 mil pessoas terem saído anteontem à rua, só em Lisboa e no Porto, os jovens que estiveram na origem da manifestação acharam que era hora de começar a debater ideias e apresentar propostas concretas para tentar produzir mudanças, resume uma das organizadoras do Porto, Inês Gregório.

"Trezentas mil pessoas é muito potencial humano e interventivo", diz. Às caixas de correio electrónico dos organizadores chegaram muitas mensagens de pessoas que foram à manifestação e perguntam "e agora?". Inês, licenciada em História de Arte, de 29 anos, nota que "demonstrar descontentamento é muito importante mas tem que se ser consequente". Na página recém-criada há quem reclame novas manifestações mas os organizadores propõem que a fase seguinte seja "criar fóruns de debate para apresentar propostas concretas". Em tempo de rescaldo, estão marcadas reuniões amanhã e quarta-feira, em Lisboa e no Porto, para passar a essa fase. O objectivo final: "Queremos melhores condições no trabalho, o reconhecimento da capacidade de quem trabalha", sublinha.

O debate vai começar, para já, nas redes sociais. Mas a ideia é sair da Internet e englobar muitas das pessoas de todas as gerações que compareceram ao protesto e cujo "capital de ideias, experiências laborais e políticas não pode ser desperdiçado", nota.

A organização do protesto tinha pedido aos manifestantes que levassem uma folha A4 com uma ideia para o país e estas folhas ainda não começaram a ser lidas, afirma Inês Gregório. Mas na página do Fórum das Gerações já havia ontem mais de duas dezenas de tópicos de discussão abertos. Num deles, "empreendedorismo", lia-se: "Aceitam-se propostas para a criação de Pequenas e Médias Empresas com vista à criação de novos postos de trabalho"; no tema "reforma das instituições políticas" sugere-se a ideia de dar a possibilidade a movimentos cívicos de concorrer a actos eleitorais; há quem sugira que se crie uma petição válida para exigir a revisão do Código do Trabalho, que se aproveitem terrenos municipais baldios para fazer hortas e há ainda quem proponha a criação de um movimento para representar a Geração à Rasca.