Para quem lamenta que Luc Besson nunca mais tenha reencontrado o "estado de graça" de "O Quinto Elemento", perdido na sua ambição de "magnata" e concorrente local das máquinas de produção americanas, "As Múmias do Faraó" pode servir de reencontro com o realizador.
Adaptando os álbuns da personagem de BD criada nos anos 1970 por Tardi, Besson constrói uma comédia de aventuras sobre as peripécias rocambolescas de uma jornalista aventureira na Paris da Belle Époque que remete ao mesmo tempo para os velhos folhetins e seriados e para o grande cinema popular europeu do pós-II Guerra Mundial.
Não resulta inteiramente, porque Besson dá sempre a sensação de estar a brincar ao cinema mais do que a estruturar um filme solidamente, e isso torna "As Múmias do Faraó" demasiado desconjuntado e episódico. Mas a heroína pespineta encontra em Louise Bourgoin intérprete à altura, e a irrisão dos álbuns originais é respeitada, resultando em duas horas de entretenimento bem-humorado e despretensioso que não fica atrás da concorrência americana.