Protestos contra e a favor do sultão Qaboos bin Said na capital de Omã
Os jovens de Omã voltaram ontem às ruas da capital, Mascate, e da segunda cidade do país, Sohar. Meia centena deles protestou nas duas cidades contra as condições económicas e a corrupção, enquanto cerca de um milhar percorreu as ruas de Mascate em apoio ao sultão Qaboos bin Said.
O dia começou agitado em Sohar, cidade do Norte que é também o centro industrial do país. Cerca de 200 a 300 jovens mantiveram-se em protesto pelo quarto dia consecutivo junto dos acessos ao porto que garante o escoamento de uma parte importante da produção da indústria. Carros blindados do Exército dispersaram os manifestantes sem violência, mas uma pessoa ficou ferida. Ao fim de quatro dias de confrontos, o balanço de vítimas em Sohar continua por confirmar: o Governo fala em um morto e fontes do hospital local em seis.
Do coro de protestos fez também parte um grupo de cerca de 300 intelectuais que se concentrou em frente ao Conselho Consultivo do Sultão (Majlis al-Shura), eleito pelo povo, exigindo mais transparência. Já a meio da tarde, e depois de uma mensagem de mobilização que circulou desde a véspera nos telemóveis, um milhar de pessoas, sobretudo jovens, concentrou-se à porta da grande mesquita de Mascate e atravessou depois a cidade a empunhar a bandeira nacional e a entoar palavras de ordem de apoio ao sultão, sem registo de incidentes.
A comunidade internacional e os próprios omanitas têm reagido com perplexidade ao tom violento das manifestações de descontentamento no país mais discreto e estável do Médio Oriente. As últimas medidas sociais do sultão, nomeadamente a criação de 50 mil novos empregos, um subsídio de 300 euros para desempregados que procurem nova ocupação e um salário mínimo de 400 euros para o sector privado foram bem recebidas, mas não chegaram para travar os protestos.
Centenas de desempregados acorreram já ao Ministério do Trabalho para se inscreverem e terem direito ao subsídio. Ontem, um grande grupo económico do país anunciava na imprensa estar disponível para receber 500 omanitas, calculando-se que 130 mil pessoas vão beneficiar deste aumento do salário mínimo. Lurdes Ferreira em Mascate, a convite do Governo de Omã